Assembleia Geral aprova toda a proposta da Pauta Unificada do Fórum das Seis para Data-Base/2022


A Assembleia Geral de docentes da Unicamp, reunida nesta quarta-feira, 6 de abril, aprovou, com pequenas modificações, todos os itens da proposta de reivindicações da Pauta Unificada elaborada pelo Fórum das Seis para a Data-Base/2022.

A presidenta da ADunicamp, Silvia Gatti (IB), lembrou que o Cruesp, após ter feito a proposta de reajuste salarial de 20, 67%, considerou encerradas as discussões sobre a Data-Base/2022 e afirmou que só retomaria negociações em 2023. “Mas mantivemos, junto com o Fórum das Seis, nossa posição de que quem coloca a pauta são nossas entidades. E a pauta é sempre constituída por vários pontos sobre tudo aquilo que envolve a vida da nossa Universidade. A pauta nunca trata apenas da composição salarial”, justificou.

O primeiro item da Pauta Unificada, aprovado por unanimidade pela Assembleia, trata exatamente das reivindicações referentes à questão salarial. “O índice de 20,67%, aplicado aos salários de março, corresponde a uma parte da inflação medida entre maio/2012 e fevereiro/2022”, aponta o texto. Cálculos elaborados pelo Fórum das Seis mostram que, apenas para repor as perdas salariais do período, “fica faltando uma reposição de 17,73% para recuperarmos o poder de compra que tínhamos em maio/2012”.

Assim, a proposta da Pauta Unificada reivindica na questão salarial um plano de reposição de perdas, o pagamento das inflações referentes a março e abril de 2022, que não constam no reajuste de 20,67% aprovado pelo Cruesp e pelas assembleias das entidades e que já vigora desde o início de março. A Pauta também reivindica, entre outros tópicos, um compromisso do Cruesp com a valorização dos níveis iniciais de carreira.

MUDANÇAS

Os outros cinco itens da proposta de Pauta Unificada foram aprovados por quase 100% dos votos dos participantes, sem nenhum voto contrário e com raras abstenções.

Alguns deles receberam propostas de alterações apresentadas pelo plenário. O vice-presidente da ADunicamp, Paulo Centoducatte  (IC), informou que as propostas serão apresentadas ao Fórum das Seis, em reunião que será realizada no próximo dia 13 de abril. E, caso aprovadas pelas demais entidades, integrarão a Pauta Unificada que será encaminhada em seguida ao Cruesp.

A mudança em uma frase do Item 2, que trata do Retorno ao Presencial Seguro, foi o que suscitou os maiores debates entre os participantes. A proposta da Pauta Unificada do Fórum das Seis reivindica: “Defesa do ensino presencial em todos os planos, com adoção do ensino remoto emergencial somente em situações excepcionais”.

Os termos “emergencial” e “situações excepcionais” foram questionados por docentes, e a frase proposta foi mudada para: “Defesa do ensino presencial em todos os planos, com adoção do ensino remoto unicamente em situação em que haja justificativa acadêmica ou sanitária”, o que deixa aberta a possibilidade de ensino híbrido em alguns casos, como já ocorre principalmente na pós-graduação.

No Item 3, que trata do Acesso e Permanência Estudantil, foi feita a proposta de incluir, no ponto em que trata da Política de Cotas, também cotas para pessoas transgênero.

Já no Item 4, que trata de Condições de Trabalho e Estudo, foi proposta só a mudança de local do tópico 7, que passou a ser o primeiro da lista, com o objetivo de valorizar a reivindicação da retomada imediata “da contagem dos tempos congelados pela LC 173/2020”.

Os demais itens foram aprovados sem mudanças.

COMISSÃO ELEITORAL

A Assembleia também aprovou por unanimidade o nome dos três docentes que se propuseram a integrar a Comissão Eleitoral que acompanhará o processo eleitoral para a nova Diretoria e para o CR (Conselho de Representantes) da ADunicamp. São eles: José Roberto Zan (IA), Gustavo Tenório Cunha (FCM) e Edson Françozo (IEL).

As eleições serão realizadas nos próximos dias 9 e 10 de maio e as inscrições, tanto para as candidaturas do CR como das chapas para a disputa da nova Diretoria serão encerradas em 19 de abril. (Veja aqui o calendário completo do processo eleitoral).

A professora Sílvia Gatti exortou os participantes da Assembleia a mobilizarem colegas nas respectivas Unidades para que participem ativamente das eleições e se inscrevam e concorram para integrar o CR. “É muito importante que tenhamos um CR representativo que possa fazer o trabalho de acompanhar os trabalhos da Diretoria e também sugerir ações. É consenso na nossa Diretoria atual a importância do Conselho com todas as unidades representadas”, afirmou.

MOÇÃO APROVADA

A Assembleia aprovou também a seguinte Moção de Repúdio, encaminhada pelo plenário:

“A Assembleia da ADunicamp, realizada em 06 de abril de 2022, repudia a manifestação do deputado Eduardo Bolsonaro a respeito da tortura padecida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar, em episódio semelhante ao protagonizado pelo então deputado Jair Bolsonaro em ocasião do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A Assembleia da ADunicamp se solidariza plenamente com a jornalista Miriam Leitão, que foi submetida a nova tortura psicológica pelo discurso truculento, misógino e sádico do deputado Eduardo Bolsonaro.

Entretanto cabe perguntar o motivo pelo qual tal discurso encontra acolhida numa parte numerosa da população.

Uma das causas mais evidentes é o fato de não existir uma única punição contra os agentes da ditadura militar que praticaram crimes hediondos, como a tortura ou a desaparição forçada de pessoas, além de múltiplos assassinatos. A inexistência de punições significa também que os crimes hediondos da ditadura não foram submetidos a uma discussão pública relevante. Esta situação não deve permanecer assim para sempre. Devem ser realizados todos os esforços possíveis para a abertura dos arquivos da ditadura e o julgamento e punição dos culpados pelos múltiplos crimes, porque isto influirá fortemente no cotidiano atual.

Vários países da América do Sul processaram os assassinos e torturadores que atuaram nos golpes militares das décadas de 1960 e 1970, como por exemplo Argentina, Uruguai e Chile. É importante mencionar a enorme manifestação popular contra a ditadura militar argentina que aconteceu poucos dias atrás (24 de março), no 46º aniversário do Golpe de Videla, Massera e Augusto.

Por estes motivos a Assembleia da ADunicamp manifesta-se da seguinte forma:

PELA CASSAÇÃO DO MANDATO DO DEPUTADO EDUARDO BOLSONARO

FORA JAIR BOLSONARO, IMPEACHMENT JÁ!

PELA INVESTIGAÇÃO E PUNIÇÃO DOS CRIMES HEDIONDOS E DE LESA HUMANIDADE COMETIDOS PELA DITADURA MILITAR”.


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