Debate fortalece reivindicações por medidas de combate ao racismo na Unicamp


Tema do debate foi ‘O Racismo Institucional’. Universidade foi palco de pichações racistas no início do ano, que repercutiram em todo o País

Campinas, 13 de Maio de 2016- O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, vereador Carlão do PT, acredita que reivindicações por medidas de combate ao racismo na Unicamp, como o ensino da História da África e afro-brasileira em todos os cursos de graduação e a criação de uma comissão permanente, tenham sido fortalecidas com o debate público ‘O Racismo Institucional’, realizado na sede da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), na sexta (13 de Maio). O evento foi realizado pela CDH, Adunicamp, Ficafro e CAC (Coordenadoria de Assuntos Comunitários da Unicamp).
O objetivo foi contribuir com a reflexão e conscientização das pessoas sobre a existência do problema, evidenciado em pichações racistas no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), que viraram notícia em todo o País no início do ano. O debate foi dirigido à comunidade acadêmica (alunos, professores e funcionários), mas contou também com a participação de militantes do movimento negro. A realização do evento foi definida por um grupo de trabalho, que inclui, além dos realizadores, representantes de funcionários, alunos e movimento negro.
Outras atividades estão sendo programadas pelo GT, coordenado pela professora Angela Soligo, do Departamento de Educação da Unicamp. “As pessoas que precisam escutar não querem ouvir. Só estamos discutindo isso hoje, aqui, porque teve esses episódios de pichações no IFCH, seguidas de ações fortes do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp”, disse Solange. Ela também reafirmou a necessidade e urgência da criação de uma comissão permanente de combate ao racismo na Unicamp.
Cotas
A implantação do sistema de cotas raciais, para ampliar o ingresso de alunos, funcionários e professores negros, também foi debatida. Na avaliação do professor do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), Petrilson Pinheiro, o ingresso de maior número de alunos provenientes de escolhas públicas, pretos, pardos e indígenas, neste ano (por meio de um programa da Unicamp), pode estar relacionado às recentes manifestações racistas.
Toninho Alves, do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, acrescentou que, além do número de funcionários negros na universidade ser muito baixo, eles estão concentrados em setores menos valorizados, como nos restaurantes e limpeza, e muitos deles são contratados por empresas terceirizadas.
Também participaram da Mesa Sério Max de Almeida Prado, da Coordenadoria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Cepir Campinas); Tagino Alves dos Santos, presidente do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas; Paulo Oliveira, diretor da Adunicamp; e Cleusa Aparecida da Silva, da Organização de Mulheres Negras Brasileiras e da Casa Laudelina de Campos Mello, que falou um pouco sobre a história da luta do movimento negro pelo combate ao racismo institucional no Brasil.
O mandato de Carlão, por meio da campanha permanente É Racismo! Não É Um Mal Entendido, já realizou várias atividades em parceria com a Faculdade de Educação da Unicamp e, desde as primeiras pichações racistas deste ano, iniciou uma série de ações, como visita à universidade, Moção, reuniões com Reitoria e outras entidades, apoio e participação em Ato Contra o Racismo, promovido pelo Núcleo de Consciência Negra da Unicamp.

Informações adicionais
O Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), implementado no Brasil em 2005, definiu o racismo institucional como “o fracasso das instituições e organizações em prover um serviço profissional e adequado às pessoas em virtude de sua cor, cultura, origem racial ou étnica. Ele se manifesta em normas, práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidiano do trabalho, os quais são resultantes do preconceito racial, uma atitude que combina estereótipos racistas, falta de atenção e de informação. Em qualquer caso, o racismo institucional sempre coloca pessoas de grupos raciais ou étnicos discriminados em situação de desvantagem no acesso a benefícios gerados pelo Estado e por demais instituições e organizações.”

Fonte: Guia de enfrentamento do racismo institucional (Geledés- Instituto da Mulher Negra)-

http://www.seppir.gov.br/publicacoes/publicacoes-recentes/guia-racismo-institucionalhttp://www.seppir.gov.br/publicacoes/publicacoes-recentes/guia-racismo-institucional

Por Michele da Costa, jornalista (mtb 1053- drt CE)
Assessora de Imprensa do mandado do vereador Carlão do PT


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