Conheça e debata o manifesto ‘Contra o Golpe!’, apresentado na Assembleia Geral dos professores


Em cumprimento à decisão da Assembleia Geral de docentes, realizada em 30 de junho passado, a ADunicamp disponibiliza abaixo o texto do manifesto “Contra o Golpe!”, para conhecimento da comunidade acadêmica e discussão.
O manifesto, já assinado por 102 professores da Unicamp (confira no documento em PDF), foi apresentado na Assembleia Geral por um grupo de signatários que solicitaram a adesão formal da ADunicamp, como órgão representativo dos professores, ao documento.
A assembleia, no entanto, por ampla maioria dos professores presentes, decidiu por uma análise mais aprofundada do texto do manifesto, a partir de sua disponibilização nos canais de comunicação da ADunicamp, com ampla divulgação junto aos professores da Universidade.
A adesão da ADunicamp ao manifesto também deverá ser colocada na pauta da próxima Assembleia Geral, com data ainda a ser definida.
Discussão
Os comentários e as sugestões de modificações referente ao texto poderão ser feitas abaixo ou por e-mail: imprensa@adunicamp.org.br.
Confira o manifesto na íntegra:
 
Carta à ADUNICAMP: Contra o golpe!
À Associação dos Docentes da Unicamp,
Nas últimas assembleias da Associação dos Docentes da Unicamp (ADUNICAMP), vem sendo construído um movimento paulatino e crescente de mobilizações que têm como um de seus objetivos chamar a atenção da opinião pública para um golpe de Estado que se encontra em curso em nosso país. Além de ter assumido o governo federal por meio de um processo de impeachment sem a devida base legal que o legitimasse, o presidente interino Michel Temer, em apenas pouco tempo de governo, vem gradativamente tomando medidas que claramente procuram desfazer conquistas sociais do povo brasileiro, a duras penas construídas e consolidadas desde a Constituição de 1988.
A partir desse ponto de vista, em que há claras evidências de ruptura do processo democrático de representação e que se direciona para recuos de toda ordem, compreendemos que as pautas reivindicatórias em curso, de nossa categoria docente, não podem ignorar essa conjuntura política mais ampla – em que o Estado mínimo é destacado e assumido como  proposta – visto que ela coloca em risco também o projeto de Universidade pública, estatal, democrática, laica e votada à promoção da plena cidadania.
Neste contexto em que a Universidade sofre abalos de tal envergadura, onde alguns docentes já foram e/ou estão sendo perseguidos, em função de suas posições contrárias manifestas sobre o projeto de Estado em andamento, para além de uma questão salarial como ponto de negociação atual com nossa Reitoria, manifestamos nossa preocupação com a agenda do governo federal interino e reiteramos muitos dos aspectos já dispostos pela Carta de Florianópolis – elaborada durante o Encontro Nacional do Forumdir e Encontro Regional da Anfope Sul, pelos participantes do 37º Encontro Nacional do Fórum de Diretores e Diretoras das Faculdades e Centros de Educação das Universidades Públicas (FORUMDIR) e do Encontro Regional da Associação Nacional pela Formação de Profissionais da Educação Sul (ANFOPE), reunidos nos dias 6 e 7 de junho de 2016, em Florianópolis, na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina- UDESC – que, diante das mesmas preocupações, conclama “para a luta em defesa das conquistas sociais consignadas desde a Constituição de 1988”.
Na mesma direção, sentimo-nos representados por vários dos argumentos expostos na Nota Pública da ANPUH, de 10 de junho de 2016 – elaborada por professores do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e do Instituto de História (IH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – que manifesta veemente “repúdio ao governo provisório de Michel Temer e à regressão por ele implementada das conquistas sociais do povo brasileiro. Interino e desprovido da legitimidade das urnas, este governo desmonta conquistas que vêm desde a Constituição de 1988”. Cabe lembrar que, no âmbito da Unicamp, também os professores do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) manifestaram-se claramente, através de documento tornado público, contra o inequívoco golpismo presente tanto na forma de condução do afastamento da presidenta Dilma Rousseff quanto no teor dos atos praticados pelo governo interino.
Como é evidente a partir de outras tantas e expressivas manifestações, sem contar as repercussões na grande mídia internacional, tanto o processo de impeachment em curso quanto as decisões tomadas pelo governo interino de Michel Temer carecem de legalidade e se constituem numa violência contra a decisão da maioria da população brasileira, decisão essa consignada nos resultados das eleições presidenciais de 2014.
Entendemos, portanto, que neste caso não se trata apenas de uma questão de opinião política – de se assumir posição contra ou a favor da presidenta afastada -, ou mesmo de apoio partidário, mas de defesa de um Estado democrático de direito. Por isso, consideramos ser urgente que a Direção da ADUNICAMP – por meio de um documento oficial – se posicione de forma clara contra o golpe parlamentar e em defesa de um regime democrático que permita reformas sociais e econômicas que atendam às necessidades e demandas sociais do povo brasileiro.
Campinas/SP, 22 de junho de 2016.
 


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