#8M: uma reflexão sobre as lutas pelos direitos das Mulheres


O Dia Internacional da Mulher simboliza a reflexão pela sociedade das lutas pelos Direitos das Mulheres. Em 25 de março de 1911 um incêndio numa fábrica de Nova York matou 125 operárias, expondo tragicamente as condições de trabalho insalubres a que as mulheres eram submetidas. Em 8 de março de 1917 aconteceu a marcha das mulheres por pão e paz, um protesto por condições dignas de vida na Rússia, no contexto da Revolução.
Poucas décadas se passaram para que os avanços obtidos nos Direitos das Mulheres pudessem ser consolidados. A crise atual, sanitária e econômica, mas também moral e política, revela o quão frágil são essas conquistas.
Este ano o 8 de março acontece num contexto distópico. É provável que tenhamos o mês mais triste da nossa geração. A escalada no número de mortes diárias e a indiferença do executivo para o enfrentamento e mitigação da crise revelam a pior face de nossa sociedade: a naturalização da ideia de que, o direito à vida, é um privilégio para poucos. Mulheres, especialmente as pretas, convivem há muito com essa distinção.
A pandemia agrava as condições dramáticas já pré-existentes. A tragédia econômica e social é mais percebida pelas mulheres, historicamente desfavorecidas com salários mais baixos, menos empregos formais, menor qualificação e maior sobrecarga de trabalho, quando somados o cuidado doméstico para manutenção da lógica capitalista. 
O confinamento, a perda da renda e a redução da mobilidade são fatores que justificam o aumento em mais de 25% das notificações de violência doméstica no mundo todo. Também são esperados o aumento da violência sexual, prostituição e casamentos infantis. O impacto da desassistência à saúde global aumenta as taxas de gravidezes indesejadas, com consequente aumento de abortos inseguros. O acesso ao aborto legal é dificultado. 
O combate à pandemia é feminino. As mulheres constituem cerca de 70% dos profissionais de saúde, principalmente os cuidadores mais sensíveis e diretos: as enfermeiras e técnicas de enfermagem. Também são a maioria entre os profissionais de limpeza, hotelaria, secretariado de instituições de saúde e cuidadores de idosos. Mas estão distantes das posições de liderança política e gestão da crise, dominada por homens heterossexuais e brancos. Os países governados por mulheres estão entre os que mais se destacaram no enfrentamento da pandemia. 
As reflexões do dia 8 de março em 2021 precisam considerar a vulnerabilidade das mulheres e de seus direitos adquiridos, além de reconhecer o seu papel fundamental no enfrentamento da pandemia. O que restará de nós?
Profa. Dra. Diama Bhadra Vale, FCM/Unicamp
 
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