Máquinas de autosserviço e alimentação saudável


Por Caroline Capitani e Luiza Molinari

As máquinas de autosserviço são máquinas com alimentos e bebidas prontas para consumo que têm como principal vantagem a rapidez e a ausência de contato manual para oferecimento do produto. Elas são consideradas práticas, rápidas e de fácil acesso ao alimento. Entretanto, esses produtos oferecidos são majoritariamente ultraprocessados, hiperpalátaveis e de baixo valor nutricional, os quais estão associados ao aumento do risco de obesidade, síndrome metabólica, doenças crônicas não transmissíveis, entre outras.

Desde 2014, o Brasil adota a classificação dos alimentos em quatro grupos de acordo com o grau de processamento a que são submetidos. Os alimentos processados são representados por produtos elaborados com adição de sal, açúcar ou outra substância e os alimentos ultraprocessados são alimentos que passam por diversas etapas e técnicas de processamento, com adição de ingredientes e substâncias de uso industrial, como aditivos cosméticos e de conservação. Essa classificação é importante para conscientizar a população sobre a qualidade dos alimentos e minimizar riscos de alto consumo de açúcares, gorduras e aditivos alimentares. O Guia Alimentar para População Brasileira recomenda evitar o consumo de alimentos ultraprocessados e moderar o consumo de processados. Isso porque, o consumo de ultraprocessados vem sendo associado a diversos desfechos negativos de saúde, em estudos nacionais e internacionais.

Observa-se, portanto, que o uso das máquinas de autosserviço pode contribuir para o aumento do consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional, como ultraprocessados. Além disso, a escolha das máquinas vai muitas vezes contra o ato de comensalidade recomendado pelo Guia Alimentar para População Brasileira, o qual preconiza o comer com atenção, devagar, sentado na mesa, sem estímulo de aparelhos eletrônicos, em ambientes apropriados, limpos, confortáveis e com companhia.

Em contrapartida do uso das máquinas de autosserviço pelos campi, a universidade possui oferta de alimentos in natura e minimamente processados diariamente através das refeições nos restaurantes universitários. Além disso, esse ambiente respeita a comensalidade, uma vez que as refeições são preparadas com alimentos naturais.

Contudo, vale ressaltar, que para as refeições intermediárias, como lanches, bem como opção de refeição, e até mesmo para socialização e comensalidade, as máquinas não suprem essa demanda, as quais seriam fomentadas por espaços de cantina, local onde se pode haver escolha de consumo e convívio coletivo entre discentes, docentes e funcionários.

Caroline Capitani é docente do curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/UNICAMP).
Luiza Molinari é estudante de Nutrição da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA/UNICAMP).

Divulgação realizada por solicitação da professora Silvia Gatti, na condição de sindicalizada à ADunicamp. As opiniões expressas nos textos assinados são de total responsabilidade do(a)s autore(a)s e não refletem necessariamente a posição oficial da ADunicamp, nem de qualquer uma de suas instâncias (Assembleia Geral, Conselho de Representantes e Diretoria).


2 Comentários

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[…] Fizeram parte do GT a própria professora Silvia Gatti, a professora Eliete Maria Silva (Fenf/Unicamp) e a professora Caroline Capitani (FCA/Unicamp). Após várias reuniões, o GT elaborou um plano de ação que resultou no convite ao prefeito do Campus da Unicamp, Juliano Henrique Davoli Finelli, para participar de uma reunião do CR e na publicação do artigo sobre alimentação saudável (veja aqui). […]

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