Aos moços
Cora Coralina (1889-1985)
Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Renunciar a palavras e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio numa força imanente
que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa
da fraternidade universal.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.
Acredito nos moços.
Exalto sua confiança,
generosidade e idealismo.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.
Fonte: CORALINA, Cora.
Vintém de cobre: meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 2001
Marcos Menezes do Nascimento
Este poema tornou-se um dos conselhos mais sábios em minha tribulada vida de estudante. Abriu,à epoca, as portas para um muno intelectual que meu limitado gênio de Tabacaria(Alvro deCampos) havia tornado tenebrosas Jeremiadas.