Em primeiro ato da data-base 2022, presidente do Cruesp recusa-se a receber comissão e manda ‘agendar com a secretária’


Quantos ofícios serão necessários para que as entidades representativas da comunidade acadêmica sejam tratadas com respeito?

“Durante a campanha eleitoral, quando você ia até os setores expor suas propostas, nenhum funcionário ou professor pedia para agendar por ofício. Agora é assim que somos tratados?”

O desabafo acima, dirigido ao reitor Tom Zé, atual presidente do Conselho de Reitores (Cruesp), é de uma servidora técnica-administrativa da Unicamp, presente ao primeiro ato da data-base 2022, realizado pelo Fórum das Seis em Campinas na tarde de 31/5, e que contou com representações das três universidades estaduais. A cobrança expressa a indignação dos presentes diante da postura do reitor, que se negou a receber uma comissão para uma breve conversa. Com o desrespeito às entidades característico dos reitores na data-base de 2021, limitou-se a enviar um recado por meio de um servidor da reitoria: “Se querem reunião, é preciso agendar com a secretária.”

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“Todo esse burocratismo não corresponde ao discurso do Cruesp nas reuniões com o Fórum neste ano. Quantos ofícios teremos que enviar para garantir o respeito e o diálogo que a comunidade merece?”, questionou Paulo César Centoducatte, da ADunicamp e coordenador do Fórum das Seis. Ele citou o fato de que os ofícios enviados aos reitores não vêm sendo respondidos (veja no box “Muitos ofícios e poucas respostas”). Nas falas de todas/os as/os representantes sindicais, servidoras/es técnico-administrativas/os e docentes presentes, o tom foi o mesmo. “A cobrança de manutenção do diálogo aberto e democrático, de respeito com aqueles que constroem estas universidades com trabalho e dedicação, vale para os três reitores e não só ao presidente do Cruesp”, ressaltou um dos participantes.

Data-base 2022 e GT Salarial

A Pauta de Reivindicações da data-base 2022 foi entregue ao Cruesp em 13/4, acompanhada de ofício solicitando o agendamento de reunião. O pedido foi reforçado em novo ofício, no dia 23/5. Não houve resposta.

O reajuste de 20,67%, concedido em março/2022, não substitui a data-base deste ano e não dá conta de devolver aos salários as expressivas perdas sofridas nos últimos anos. No box a seguir (“Perdemos 15 salários desde maio/2012!”), veja o tamanho da corrosão salarial causada pela inflação. Os números também mostram que não há motivos que justifiquem o cancelamento da data-base deste ano.

Além da discussão da Pauta 2022, o Fórum das Seis cobra o agendamento da primeira reunião do grupo de trabalho (GT) criado entre as partes em 2021 – e não efetivado – conforme compromisso assumido pelo Cruesp em 17/3/2022. No GT, o objetivo é debater as perdas salariais passadas e mecanismos de valorização dos níveis iniciais das carreiras.

Sem mobilização, não tem avanços!

Os fatos ocorridos em Campinas, neste 31/5, evidenciam o que as entidades representativas vêm indicando: sem mobilização, nossa voz não será ouvida. Os discursos de diálogo e democracia dos reitores não passarão de mera retórica. Mas a inflação crescente, que continua corroendo nosso poder de compra, é bem concreta e está aí para nos cobrar atitude.

Se queremos avançar na garantia dos nossos direitos, teremos que nos mobilizar!

Fique atenta/o aos chamados do Fórum das Seis!

Você sabia?? Perdemos 15 salários desde maio/2012!

Cartilha elaborada pela Adusp/Fórum das Seis, intitulada “Financiamento das universidades estaduais e data­-base 2022”, disponível em https://www.adusp.org.br/index.php/imprensa/cads/4497-finuniv-2022, traz informações fundamentais para entender a pertinência das nossas reivindicações e como as reitorias têm plenas condições de negociá-las.

Nos próximos boletins, vamos esmiuçar alguns destes números. Para hoje, veja esses:

– De maio/2012 a abril/2022, a inflação (medida pelo Dieese-INPC), soma 85,34%.

– Em igual período, já contabilizando os 20,67% em março/2022, tivemos 53,27% de reajuste.

– O comprometimento médio das universidades com folha de pagamento manteve-se quase inalterado após o reajuste de março/2022: 68,24%, segundo planilha do Cruesp em abril/2022.

– Para voltarmos ao poder aquisitivo de maio/2012, precisamos de um reajuste de 20,93% em maio/2022.

– A inflação que deixou de ser paga neste período corresponde a 15,1 salários (15 meses e 3 dias) não recebidos por cada servidor técnico-administrativo e cada docente.

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Muitos ofícios e poucas respostas

A “sugestão” do reitor Tom Zé, atual presidente do Cruesp, de que o Fórum das Seis agendasse formalmente uma reunião “com a secretária”, soa sarcástica.

Somente em 2022, foram nove ofícios enviados pelo Fórum ao Cruesp, sendo seis não respondidos. Entre os que ainda aguardam retorno, dois pedem agendamento para discussão da Pauta 2022 (números 7 e 8/2022).

Se recuarmos a 2021, dos 21 ofícios remetidos ao Cruesp, 13 não foram respondidos.

Como será a relação com as entidades representativas em seus mandatos, senhores reitores?

Fórum apoia e convida: 9/6 tem atos nacionais em defesa da educação e da ciência

Entidades nacionais representativas dos movimentos sindical e estudantil – como ANPG, UNE, UBES, ANDES-SN e outras – estão organizando um ‘Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Educação e da Ciência’, em 9 de junho. O objetivo é protestar contra os seguidos cortes do governo Bolsonaro à ciência e à educação (somente nesta semana, foram bloqueados R$ 3,3 bilhões da educação, atingindo as universidades e rede de institutos federais, e mais R$ 2,9 bi da Ciência e Tecnologia).

O Fórum das Seis apoia a atividade e convida todas e todos a se somarem aos atos. Defender a educação e a ciência públicas – nos âmbitos federal, estadual e municipal – interessa de perto à comunidade acadêmica das universidades estaduais paulistas e do Centro Paula Souza. Fique atenta/o à divulgação de mais detalhes em breve.

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