Cruesp mostra insensibilidade frente à corrosão inflacionária, frustra categorias e limita-se a agendar reunião técnica para janeiro


Sem luta, não haverá reajuste. É hora de mobilização!

A reunião entre o Fórum das Seis e o Conselho de Reitores (Cruesp), em 22/12, já no apagar das luzes de 2021, foi um balde de água fria nas expectativas das categorias das três universidades. Embora tivessem em mãos a pauta atualizada – que reivindica 20% de reajuste em janeiro/2022 para mitigar os efeitos da disparada inflacionária após quase três anos sem qualquer correção – os reitores não apresentaram nenhuma proposta objetiva. Limitaram-se a agendar, após insistência das entidades sindicais, uma reunião entre as respectivas equipes técnicas para 12/1/2022 e novo encontro entre Fórum e Cruesp, mas sem dia definido.

Logo no início da reunião, o atual presidente do Cruesp e reitor da USP, Vahan Agopyan, disse que os reitores estavam “conscientes” de que a ausência de reajustes nos últimos anos traz uma situação delicada para as categorias, que se soma ao desgaste causado pelo excesso de trabalho, falta de contratações e outros. No entanto, enumerou uma série de argumentos para tentar justificar a ausência de propostas concretas, entre elas a necessidade de aguardar a posse do novo reitor da Universidade, Carlos Gilberto Carlotti Junior, prevista para 25/1. Também apresentou uma explicação exótica para a ausência de reuniões do GT Salarial montado entre as partes em junho/2021 e que teve uma única reunião realizada em 6/7/2021: as entidades sindicais teriam insistido em apresentar reivindicações, o que dificultou a apresentação de estudos por parte dos técnicos do Cruesp (!).

A coordenação do Fórum rebateu essa afirmação, lembrando que os/as representantes das reitorias compareceram à reunião do GT Salarial sem nenhum conhecimento das reivindicações e que, após ouvi-las, se comprometeram a apresentar simulações para o que estava em pauta: um plano de reposição de perdas e outro para a valorização dos níveis iniciais das carreiras. Apesar das seguidas cobranças do Fórum, as simulações nunca apareceram, nem mesmo para subsidiar propostas que fossem concretizadas a partir de janeiro/2022, já que o Cruesp usou a LC 173 para “justificar” a impossibilidade de conceder reajustes ainda em 2021.

“Deixo aqui registrada, em nome de toda a comunidade por nós representada, a indignação em relação ao tratamento, até aqui, dispensado à nossa data-base”, resumiu Paulo Cesar Centoducatte, coordenador do Fórum.

Perdas volumosas

Nas várias falas dos/as representantes do Fórum, foi retratada a situação difícil dos/das servidores docentes e técnico-administrativos/as diante da drástica queda de poder aquisitivo nos últimos anos. Se nada for feito agora, chegaremos a maio/2022 precisando perto de 50% de reajuste para recuperar o valor que os salários tinham em maio/2012.

Foi este cenário, somado à postura do Cruesp em não negociar a essência da nossa data-base (recuperação salarial, valorização dos níveis iniciais das carreiras e discussão do retorno seguro), que levou o Fórum a atualizar a Pauta de Reivindicações 2021, com os seguintes pontos:

1) Reajuste, a partir de janeiro 2022, de 20% para recuperação parcial da perda acumulada desde maio/2012

2) Discussão e elaboração, até no máximo em fevereiro de 2022, de um plano que recupere o resto de nossas perdas em relação a maio/2012 e da valorização dos níveis iniciais das carreiras

3) Discussão com as entidades do retorno às atividades presenciais

4) Conhecimento da posição das instituições sobre os tempos aquisitivos dos servidores no período de vigência da LC 173/2020 e que impactam direitos relativos a quinquênios, sexta-parte, licença-prêmio, progressões e outros.

Os/as representantes sindicais frisaram que poderíamos ter avançado em 2021 e chegado à presente reunião pelo menos com um esboço de planejamento para sinalizar a recuperação do que perdemos nestes anos. E que o conforto financeiro atual das universidades tem componente predominante oriundo do arrocho salarial. O comprometimento com folha de pagamento já está próximo de 65%, o menor desde o advento da autonomia universitária, em 1989.

O que impediria a concessão de reajuste em janeiro? Estaria o governador pressionando nossos reitores para não apresentarem proposta alguma antes de maio/2022? Se há recursos e reconhecimento das perdas, por que não em janeiro?

As falas dos reitores não foram capazes de responder a estas questões.

O que ficou acertado

Após quase duas horas de discussões, os reitores concordaram em dar continuidade às reuniões ainda em janeiro. Ficou agendado um encontro entre ambas as equipes técnicas para 12/1. Também foi sinalizada a realização de nova reunião entre Fórum das Seis e Cruesp, mas sem dia definido.

Logo após a reunião, o Fórum encaminhou ofício aos reitores, reforçando as seguintes solicitações:

– Que a equipe técnica do Cruesp compareça no dia 12/1 com os estudos e simulações sobre as reivindicações apresentadas;

– Que uma nova reunião entre Cruesp e Fórum ocorra antes de 25/1, e que o próximo reitor da USP seja convidado a estar presente.

Sem luta não tem reajuste. Hora de mobilizar!

Na avaliação realizada logo após a reunião com o Cruesp, os/as representantes das entidades do Fórum das Seis foram unânimes em apontar a necessidade de mobilização e luta para pressionar os reitores a negociarem concretamente.

Conforme já sinalizado nas assembleias de base realizadas em novembro, as categorias devem se preparar para uma manifestação presencial em janeiro, com os cuidados sanitários que se fizerem necessários, tendo como perspectiva a deflagração de uma greve em defesa dos nossos direitos.

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