‘Teatro brasileiro tem que voltar a incomodar’, diz ator em roda de conversa da ADunicamp


O teatro brasileiro “precisa voltar a incomodar”, incomodar as pessoas que estão alienadas e adormecidas, incomodar aqueles políticos que “só estão na vida pública para se locupletar”, e precisa lutar a todo momento contra a censura cultural e de comportamento que está instalada no Brasil hoje. Esses foram alguns alertas sobre o cenário teatral brasileiro, lançados nesta quarta-feira, 14 de abril, pelo artista e diretor Antônio Petrin, durante a roda de conversa “A Cena Teatral em Tempos de (muita) Crise”, promovida pela ADunicamp.
O encontro, realizado de forma virtual e mediado pelo professor Wagner Romão (IFCH/Unicamp), contou com a participação dos professores do IA Rodrigo Spina e Wanderley Martins, também diretor de Cultura da ADunicamp. 
Petrin, que completou recentemente 60 anos de carreira, tem uma obra extensa como ator e também diretor. Como ator, participou de mais de 40 peças teatrais, dirigiu 12 espetáculos, atuou em 35 novelas e especiais para a televisão e em 12 filmes brasileiros. Para ele, o papel principal da arte, em especial do teatro, sua área de atuação, é ampliar a percepção do mundo e a consciência das pessoas, tanto dos que produzem as obras como daqueles que às veem, sobre tudo que os rodeia. 
“O teatro só é bom quando as pessoas saem do teatro com uma coisa ali na cabeça. As pessoas saem incomodadas, obrigadas a refletir. Só quando incomoda, o teatro tem real valor”, afirmou.
Petrin fez diversos relatos sobre sua atuação como ator em diferentes momentos da vida brasileira, mas lembrou em especial da atuação de artistas no enfrentamento à ditadura militar, com atuações que também iam além dos palcos.
Além do permanente enfrentamento à censura e participação constante nas manifestações de rua, realizavam ações arriscadas de denúncias diante das plateias que costumavam lotar os teatros por aqueles tempos. Em uma ocasião, relatou Petrin, diante da perseguição e prisões de artistas pela ditadura militar, um grupo de atores, que ele também integrava, redigia manifestos curtos para serem lidos diante das plateias. 
“Íamos no teatro e quando dava o terceiro sinal [para o início da peça], liamos o manifesto saíamos correndo. Só que, na maioria das vezes, o diretor do teatro já telefonava para a polícia”. Em muitas ocasiões, a polícia chegava quando os atores estavam saindo do teatro e acabavam sendo perseguidos. “Só que corríamos mais do que eles”.
Para Petrin, a arte tem um papel fundamental na vida de hoje, diante do cenário político e cultural desagregador pelo qual passa o país. “Embora não tenha uma censura aberta, temos uma censura de atitudes”, avaliou.
Assista a íntegra da live no player abaixo. Não deixe de seguir e curtir os vídeos da ADunicamp no canal da entidade no Youtube
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