As negociações das entidades que compõem o Fórum das Seis (F6) com o Conselho dos Reitores (CRUESP) na data-base das categorias nunca foi fácil, mas as dificuldades alcançam patamares talvez inéditos neste momento em que o país passa por uma gravíssima crise econômica e institucional, que coloca em risco direitos trabalhistas e democráticos conquistados a duras penas ao longo da história. A relação entre o que ocorre na Universidade e o contexto mais geral do país pautou grande parte das intervenções feitas na assembleia docente realizada aos 17/5/2016 (vide Boletim – http://www.adunicamp.org.br/?p=2534), na qual também se discutiram os mecanismos de representação da própria ADunicamp. Algumas falas verbalizaram uma visão recorrente, em parte de nosso quadro de associados, no sentido de que a assembleia seria pouco representativa, de que caberia implementar mecanismos de consulta eletrônica, de que o papel da entidade seria antes oferecer serviços como convênio médico e não se posicionar criticamente face à realidade do país etc. A importância da participação dos associados na vida da entidade teve reconhecimento unânime, mas a posição amplamente majoritária do plenário foi no sentido de reforçar aquilo que já está no regimento da ADunicamp: a assembleia é seu órgão máximo e foro de discussão para o imprescindível debate, lócus privilegiado para a obtenção de uma eventual convergência e/ou aferir a posição da maioria – através do embate das ideias, procurando analisar os fatos em toda sua complexidade. Um exemplo dessa convergência obtida via debate é a conclusão de que não há como se fazer uma campanha apenas salarial, sem levar em conta de que modo a vida da Universidade é afetada pelo contexto em que ela se insere. Vai no sentido de procurarmos entender essa interface a proposta de debate sobre o tema A evolução do ICMS e o financiamento da Unicamp (23/5/2016; vide – http://www.adunicamp.org.br/?p=2572). Para além de discutir os números que balizam a disponibilidade dos recursos para a Universidade e como se dá o gerenciamento desses recursos (e de sua falta), cumpre também tentar entender o processo social mais amplo que dá forma à crise em que nos encontramos. No Boletim, de dezembro de 2015 (http://www.adunicamp.org.br/?p=1835), a diretoria da ADunicamp já apontava para alguns elementos da história recente do Brasil a serem levados em conta numa análise diferenciada do que ocorre hoje no país. Muito se tem escrito sobre o tópico, que se faz presente também nas últimas três edições do Jornal da Unicamp, com contribuições relevantes de membros da comunidade acadêmica – em sua ampla maioria com visões bastante críticas sobre o cenário nacional, em franco contraste com o discurso hegemônico da grande mídia. Fato é que, assim como teorias complexas da ciência não se deixam traduzir ou reduzir via matemática de segundo grau, tampouco fenômenos sociais complexos deixam-se compreender sem uma análise mais criteriosa. Selecionamos, dentre as inúmeras contribuições hoje disponíveis publicamente, uma entrevista do jornalista Luís Nassif com o historiador Wanderley Guilherme dos Santos*, na qual são discutidos, com muita propriedade e espírito crítico, alguns dos vetores que compõe a crise atual, em cotejo direto com nossa história recente. Sem entrar no mérito das posições expostas, cremos ser esse o nível de complexidade e diferenciação exigido (inclusive pela assembleia da ADunicamp) para entendermos o processo mais geral no qual estamos inseridos – e face ao qual cabe à comunidade acadêmica de uma das mais importantes Universidades do país posicionar-se. Destacamos também alguns elementos que balizam nossa campanha nesses tempos de crise e que, de algum modo, dialogam com os vetores do contexto mais geral discutidos na entrevista. Nesse sentido, o presente Boletim Especial procura ilustrar, através de um exemplo concreto, o altíssimo grau de imbricação de nossa campanha com a crise mais geral em que ela se insere – tal como entendido pela assembleia docente de 17/5/2016.
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