Professora Emília Rutkowski analisa trajetória das Cúpulas do Clima e a COP30


A ADunicamp publica, em seu espaço Opinião, o artigo “Crise–Mutação Climática em pauta: de Cúpula em Cúpula”, assinado pela professora Emília Wanda Rutkowski, associada da ADunicamp e atual responsável pela Secretaria de Bem Viver da entidade.

No texto, a professora traça uma análise histórica e crítica das principais conferências ambientais internacionais, da Conferência de Estocolmo (1972) à COP30, realizada em Belém, destacando os limites dos acordos oficiais e o papel central da sociedade civil organizada diante do agravamento da crise climática. Para Emília, o cenário atual ultrapassa a noção de crise: trata-se de uma “mutação climática”, na qual, em diversas regiões do planeta, “não há mais condições de mitigação, só restou adaptação a uma nova ordem climática”.

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A professora esteve presente na COP30 e na Cúpula dos Povos, representando a ADunicamp, e relata no artigo a diferença entre os espaços oficiais e os territórios de resistência construídos pelos movimentos sociais. Ao revisitar a trajetória das Cúpulas da Terra e das Conferências das Partes (COPs), Emília destaca que, desde os anos 1990, a sociedade civil tem tensionado as negociações climáticas, ora buscando influenciá-las institucionalmente, ora assumindo uma postura de enfrentamento. Segundo a autora, a Cúpula dos Povos consolidou-se como “um espaço dos povos contra governos e corporações na construção de alternativas, agendas próprias e ações de confronto”.

Professora Emília Wanda Rutkowski (FECFAU), durante a mesa “Lazer e Natureza em disputa: racismo ambiental e decolonialidade”, realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), evento organizado pelo Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (INEAF/UFPA), em parceria com o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e o Grupo Foco/UFPA

Sobre a COP30, a professora aponta um balanço ambíguo. De um lado, a frustração com a baixa ambição das metas e a ausência de compromissos firmes para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. De outro, avanços arrancados pela mobilização popular. “O balanço final nos deixa com um gosto misto de decepção e ‘conquista’”, afirma, ressaltando que as conquistas foram “forçadas pela luta e resistência da sociedade civil”, como o reconhecimento do papel dos povos indígenas, dos afrodescendentes e a incorporação da noção de transição justa.

O artigo também dedica atenção à Cúpula dos Povos em Belém, que reuniu milhares de pessoas de organizações do Brasil e de outros países. A autora descreve o processo de territorialização dos debates, a diversidade dos eixos temáticos e a força das mobilizações de rua, culminando na Marcha Global pelo Clima. Para Emília, foi um encontro que reafirmou que “a resposta à crise climática brota dos territórios e não dos mercados”.

Outro ponto abordado de forma crítica é a gestão de resíduos durante os eventos. A autora denuncia as contradições entre o discurso da sustentabilidade e a prática cotidiana, observando que “o uso de descartáveis de uso único de forma tão displicente é uma incongruência”, presente tanto nos espaços populares quanto nos oficiais.

A publicação integra as ações da ADunicamp voltadas ao debate sobre justiça climática, democracia e bem viver. Na próxima quinta-feira, dia 18 de dezembro, será divulgado o episódio 88 do Conexão ADunicamp, no qual a professora Emília aprofunda os temas abordados no artigo e compartilha sua experiência na COP30 e na Cúpula dos Povos, representando a entidade.

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