O excesso de trabalho, a falta de tempo para a execução das demandas, assim como a necessidade de disponibilizar finais de semana para o serviço profissional afetam a maioria de docentes da Unicamp que responderam à enquete realizada pelo Andes-SN sobre Condições de Trabalho e Saúde dos(as) Docentes que atuam nas Universidades Públicas.
Esses números foram apresentados pela presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti (IB), em encontro aberto realizado no início da reunião mensal do CR (Conselho de Representantes) da Associação, nesta terça-feira, 27 de maio. Embora a pesquisa tenha sido realizada em universidades de todo o país, os números apresentados pela professora são exclusivos da Unicamp, com as respostas encaminhadas por 184 docentes.
“Os números mostrados aqui evidenciam essa presença constante na vida de vocês docentes, que é a multiplicidade do trabalho, com o comprometimento da saúde e da vida pessoal e privada”, definiu a professora.
Nada menos que 76% das respostas apontam que o trabalho excede a carga horária e 85% mostram que com frequência (37%) ou sempre (47%) o tempo não é suficiente para o cumprimento de todas as demandas. Diante disso, 86% disseram trabalhar aos finais de semana frequentemente (43,5%), algumas vezes (25%) ou sempre (18%). E 58,7% disseram que a carga de trabalho aumentou após a pandemia da Covid-19.
Todo esse quadro é agravado pela pressão pelo cumprimento de prazos quase 94% dos(as) docentes entrevistados. Pressão que é permanente para 47%, frequente para 30,4% e que ocorre às vezes para 15,2%.
“A questão da saúde é preocupante”, apontou Silvia. De acordo com a enquete, 46% sofrem de problemas diretamente ligados a tensões no trabalho, como enxaqueca e transtornos de ansiedade e humor, entre outros. “Toda essa situação afeta, com certeza e diretamente, a saúde de vocês docentes. Temos pedido para a Reitoria uma pesquisa mais ampla e representativa sobre saúde mental dos docentes, mas não temos respostas. A saúde mental na Universidade precisa ser analisada e investigada”, prosseguiu ela.
A enquete do Andes-SN com os resultados exclusivos da Unicamp está detalhada em gráficos que se estendem por mais de 70 páginas e abordam os mais diversos aspectos da vida, do trabalho e da saúde do corpo docente. Em momento futuro o material será integralmente disponibilizado no site da ADunicamp.
A reunião aberta do CR fez parte da Semana de Lutas das IEES/IMES/IDES do ANDES-SN, que ocorre nesta semana, de 26 e 30 de maio de 2025. Na pauta estão a defesa da ampliação do orçamento das universidades nos estados, municípios e Distrito Federal, a valorização do piso salarial nacional do magistério e a saúde dos(as) docentes, entre outros temas.
CR aprova contas da ADunicamp e moções sobre Gaza e licenciamento ambiental
O CR (Conselho de Representantes), reunido após a apresentação da enquete do Andes-SN, aprovou as contas do primeiro semestre de 2025 da ADunicamp. A planilha já havia sido analisada, discutida e aprovada pelo Comissão de Acompanhamento Financeiro do CR que afirmou, em parecer lido durante a reunião: “Reunido(a)s no dia 21 de maio, juntamente com a diretoria financeira e a equipe técnica da ADunicamp, o(a)s membros da comissão apreciaram o balanço trimestral das contas da entidade, referente ao período janeiro, fevereiro e março de 2025. Para tanto, tiveram acesso à documentação pertinente e a uma detalhada apresentação, a cargo da Tesouraria. (…) Os dados acumulados no primeiro trimestre do ano apontam uma situação financeira equilibrada e coerente com as projeções feitas para todo o período.”
MOÇÕES
Para a reunião do CR deste dia 27 de maio de 2025, o professor e conselheiro Mario Gneri (IMECC), apresentou moções para o colegiado. Foram duas as moções apresentadas, lidas e aprovadas pelo plenário. Confira:
1 – Faixa de Gaza
O Conselho de Representantes da Associação de Docentes da Unicamp – ADunicamp – repudia a política genocida do governo israelense (integrado pelo partido Likud e fundamentalistas religiosos) na Faixa de Gaza, que coloca em risco de morte por fome ou doenças a milhares de pessoas ao não permitir a entrada de alimentos (ou, com maior generalidade, de ajuda humanitária) nesta região, desrespeitando assim os direitos humanos mais elementares.
Essa conduta, aliada aos bombardeios que já mataram dezenas de milhares de pessoas e destruíram quase toda a infraestrutura essencial para a vida humana na faixa de Gaza – fundamentados na fake ridícula de que em quase toda parte há túneis construídos pelo Hamas – configura o verdadeiro terrorismo de Estado (basta lembrar os fatos acontecidos em 28/02/2024, quando militares israelenses dispararam contra uma multidão que aguardava ajuda humanitária matando mais de 100 pessoas e ferindo mais de 700).
Em sentido amplo, o adjetivo ou substantivo semita refere-se ao grupo étnico e linguístico que inclui entre seus membros os hebreus, os árabes, os assírios, os aramaicos e os fenícios. Neste sentido o governo Netanyahu configura-se como o maior expoente de antissemitismo do século XXI.
Defendemos:
- Entrada de alimentos e de ajuda humanitária na Faixa de Gaza já.
- Saída imediata do exército israelense da Faixa de Gaza.
- Repúdio ao monstruoso projeto dos governos de Trump e Netanyahu de expulsão dos habitantes da Faixa de Gaza.
- Fim imediato das hostilidades.
2 – Licenciamento ambiental
O Conselho de Representantes da Associação de Docentes da Unicamp – ADunicamp – repudia o PL 2159/2021, que flexibiliza as regras do licenciamento ambiental, configurando um retrocesso nas políticas de proteção ao meio ambiente. Em particular, o PL introduz a Licença por Adesão e Com promisso (LAC), instrumento autodeclaratório que poderá dispensar o processo de licenciamento convencional.
O texto foi aprovado por ampla maioria pelo Senado que se submeteu ao lobby do agronegócio, responsável pela destruição de boa parte dos ecossistemas brasileiros. Ambientalistas criticaram energicamente o projeto. O Ministério de Meio Ambiente qualificou o texto como “afronta à Constituição Federal” por contrariar seu artigo 22 5, que garante o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.
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