O Conselho de Representantes (CR) da ADunicamp aprovou, em reunião realizada neste dia 30 de outubro de 2025, uma contundente moção de repúdio contra o que descreve como “necropolítica de Estado e políticas de guerra interna” praticadas pelos governos de Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, e Tarcísio de Freitas, em São Paulo.
A moção tem como principal foco a “operação Contenção”, deflagrada em 28 de outubro no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Segundo o documento, o episódio “já entrou para lista dos maiores massacres da história do País”, sendo comparado a tragédias como o massacre do Carandiru (1992), a Chacina da Candelária (1993), e as operações Escudo e Verão, na Baixada Santista, entre 2023 e 2024.
A ação, celebrada pelo governo fluminense como “sucesso”, é classificada pela ADunicamp como marco de uma política estatal que “escancara a necropolítica de Estado, a militarização da segurança pública e a naturalização do extermínio da população pobre e negra das favelas”.
Violência de Estado e militarização em SP
O documento também condena ações recentes do governo de São Paulo em territórios populares, como na Favela do Moinho e na Ocupação Palestina Livre, em Diadema, onde “famílias foram brutalmente removidas” com “emprego excessivo de força policial e sem garantia de direitos básicos”.
Para os docentes, tais episódios revelam um projeto de segurança pública que “transforma comunidades inteiras em campos de batalha” e se insere em uma lógica global marcada por “colonialismo, racismo e capitalismo em sua face mais destrutiva”.
O texto traz ainda um paralelo simbólico e contundente:
“Gaza é o Rio de Janeiro. Gaza é São Paulo. Gaza é o mundo inteiro”, afirmando que favelas, periferias e ocupações urbanas brasileiras vivem sob um “regime de exceção — o da violência de Estado e da negação do direito à vida”.
Histórico de violações e impunidade
A moção denuncia que o Estado do Rio de Janeiro já foi duas vezes condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos e destaca que, entre 2014 e 2024, “5.421 jovens de até 29 anos foram mortos em intervenções policiais” no estado.
A entidade também repudia os ataques do governo fluminense à ADPF 635 — decisão do STF que prevê medidas para reduzir mortes em operações policiais — e critica a nova “gratificação por bravura” da Polícia Civil, que “premia o confronto e a morte”.
Exigências e compromisso com a vida
A moção apresenta cinco demandas centrais, entre elas o fim das políticas militarizadas no Rio e em São Paulo, a responsabilização de agentes públicos e a revogação de mecanismos de incentivo à letalidade policial. Para os docentes, a segurança pública deve “garantir direitos, e não violá-los”.
O Conselho de Representantes da ADunicamp encerra reforçando solidariedade às vítimas e comunidades afetadas e reafirmando compromisso com a justiça social e a democracia:
“Contra o racismo, o fascismo e a militarização da vida, defendemos a universidade pública, o serviço público e a vida como direito inegociável.”
 
   
            








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