As professoras Sílvia Amaral (FEF) e Emília Wanda Rutkowski (FECFAU), representantes da ADunicamp na Cúpula dos Povos, participaram da mesa “Lazer e Natureza em disputa: racismo ambiental e decolonialidade”, realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém (PA). O encontro, realizado nesta quinta-feira, dia 13 de novembro de 2025, integrou a programação promovida pelo Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares (INEAF/UFPA), em parceria com o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e o Grupo Foco/UFPA.
O debate reuniu pesquisadoras que investigam como lazer, cidade e natureza se articulam com desigualdades socioambientais, disputas territoriais e processos de racialização e colonialidade. Em sua intervenção, a professora Sílvia Amaral — que pesquisa modelos urbanos de lazer em cidades como Barcelona, São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Campinas etc. — ressaltou a necessidade de compreender o lazer a partir das interseções entre classe social e raça. A docente evidenciou mecanismos históricos de exclusão, tomando Campinas como parâmetro. “Os dados mostram que temos uma exclusão, principalmente das populações negras, quilombolas, pardas e de pessoas que migraram em busca de emprego e acabaram nas margens da sociedade. Isso é resultado direto de políticas de uso e ocupação do solo”, afirmou.
A professora Sílvia Amaral também recorreu à música “Fim de Semana no Parque”, dos Racionais MC’s, para retratar a coexistência de desigualdades no território urbano. “A música fala desses dois Brasis e da necessidade de olhar para as periferias, para os movimentos negros, indígenas e para os grupos que se mantêm e se colocam no território. Precisamos pensar o lazer com um olhar decolonial — não o olhar europeu que formatou nossas cidades e ainda estrutura nossa relação com o espaço.”
A professora Emília Wanda Rutkowski discutiu as disputas em torno da cidade e da natureza, enfatizando como modelos urbanos coloniais afetam o acesso a espaços públicos e o direito ao lazer. A mesa contou ainda com a participação da professora Olga Lúcia Castreghini, da UFPA, que apresentou pesquisa sobre transformações urbanas recentes em Belém e suas implicações para o uso dos espaços pela população.
Para Sílvia Amaral, o encontro foi um espaço potente de troca e reflexão. “Pudemos pensar o lazer a partir da Amazônia e refletir sobre as disputas em torno da natureza e da cidade, com base em perspectivas negras, indígenas e periféricas.”
O contou com a presença da professora Maria José Mesquita (IG), que também integra a comitiva da ADunicamp em Belém/PA. A presença da ADunicamp na Cúpula dos Povos e na COP30 reforça sua atuação em debates sobre racismo ambiental, direito à cidade e decolonialidade, aproximando a produção acadêmica crítica de diferentes regiões do país.













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