Nesta terça-feira, 06 de maio de 2025, a ADunicamp recebeu a informação referente à decisão do Governo do Estado de São Paulo de suspender a venda da Gleba São José, uma área de 7 hectares que integra o conjunto da Fazenda Santa Elisa. A Fazenda Santa Elisa abriga o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e a área integrava uma lista de mais de 30 glebas de institutos de pesquisa de São Paulo que o governador anunciou, desde o ano passado, que deveriam ser vendidas à iniciativa privada.
Quando a proposta de venda da Fazenda Santa Elisa foi anunciada, a reação foi imediata e provocou uma enxurrada de protestos de diversos setores, unindo cientistas, pesquisadores, organizações da sociedade civil e, inclusive, representantes do agronegócio.
Assim que o anúncio foi feito, a ADunicamp publicou uma Nota de Repúdio (leia aqui) alertando a comunidade universitária e a chamando para defender “este que é um dos maiores patrimônios científicos do país, e uma referência internacional na pesquisa do café”. Na nota, a ADunicamp dizia: “Com a venda do IAC, Tarcísio nega a ciência, nega a economia, e – pasmem! – nega a relação entre ambas; nega também a história de um Estado e de um País cuja identidade se constitui em grande parte a partir da cultura do café. Portanto, ao pôr à venda a Santa Elisa, o governador dá um prejuízo incalculável, ao impossibilitar a continuidade de trabalhos científicos que vêm sendo desenvolvidos há décadas.”
As manifestações e protestos foram fundamentais para que Tarcísio recuasse e anunciasse agora a suspensão da venda.
DESMONTE PROSSEGUE
Mas o desmonte do patrimônio público de áreas essenciais de pesquisa prossegue em curso. Mesmo sob protestos, o governo de Tarcísio de Freitas acaba de vender, por R$ 17,1 milhões, parte da fazenda pertencente ao Estado e que integrava a Unidade Regional de Pesquisa e Desenvolvimento de Pindamonhangaba desde 1938. Além de servir a pesquisas e ser de interesse público, a área também abriga grandes recursos de nascentes de aguá, que necessecitam de preservação. A área foi comprada pelo empresário Paulo Skaf, amigo pessoal de Tarcísio.
A APqC (Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo) foi uma das muitas organizações científicas e da sociedade civil que se manifestaram contra a venda e denunciou que a venda foi feita por menos da metade do valor. De acordo com a APqC, o valor da área 350 hectares, equivalente a 300 campos de futebol, varia na região entre R$ 35 milhões e R$ 45,5 milhões.
A venda só foi possível agora depois de longa batalha judicial, tendo em vista que a Constituição Estadual e a lei 9475/96 determinam que a venda da área, usada para pesquisa científica ao agronegócio, teria de ser debatida em audiência pública com a comunidade científica. E isso não ocorreu.
A ADUNICAMP SE POSICIONA DE MANEIRA FIRME CONTRA O DESMONTE DO PATRIMÔNIO PÚBLICO, E SUA ENTREGA AO SETOR PRIVADO, QUE O GOVERNO TARCÍSIO FREITAS COLOCA HOJE EM CURSO.
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