A ADunicamp apoia integralmente a mobilização estudantil que decidiu, nesta quarta-feira, 18 de maio, em assembleias com estudantes de diversos cursos da Unicamp, pela paralisação contra a ameaça de privatização do HES (Hospital Estadual de Sumaré), anunciada pelo governo ultraliberal e conservador de Tarcísio de Freitas. Além da paralisação, as assembleias decidiram realizar, na tarde desta quarta-feira, uma manifestação – que também conta com apoio da ADunicamp – em frente à Secretaria de Saúde na cidade de São Paulo.
O HES é gerido pela Unicamp e pela Funcamp há 25 anos e atende pacientes de várias cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) que, juntas, somam mais de um milhão de habitantes. O atendimento de excelência do hospital o levou a ser eleito, em 2022, como o melhor hospital público da América Latina.
A Secretaria de Estado da Saúde do governo Tarcísio anunciou e começa a colocar em prática a proposta do fim do convênio entre a Unicamp e o hospital, que tem 274 leitos, incluindo 18 para UTI adulto e 12 para UTI neonatal e é essencial para o atendimento à saúde da população de diversos municípios da RMC.
O HES realiza, em média, 1.200 internações, 1.050 cirurgias e mais de 6,5 mil consultas mensais. E tem um papel importantíssimo na formação de novos profissionais de saúde pública, uma vez que oferece anualmente vagas de estágio para mais de 500 estudantes de Medicina, Nutrição, Fonoaudiologia, Farmácia e Enfermagem.
A proposta do governador é entregar a gestão do hospital para OSs (Organizações Sociais) de saúde, sob a falsa justificativa de que deve realizar licitação para definir a gestão do HES, uma vez que o atual convênio expira em julho.
Em reportagem publicada em março (leia aqui), a ADunicamp já mostrava que não há nenhuma exigência legal para a realização do processo licitatório. Como dizia então o professor Edison Bueno, médico sanitarista do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, outros interesses podem estar em jogo, neste processo que tem sido conduzido sem transparência nenhuma.
“Não existe nenhuma obrigatoriedade de fazer o certame. Essa é uma informação, no mínimo, equivocada”, afirmou o professor. Segundo ele, existe um preceito constitucional que garante que um órgão público, como a Unicamp, tem prioridade na gestão de outro órgão público. E uma OS, mesmo sendo uma organização privada sem fins lucrativos, necessariamente busca rendimentos extras, inclusive para pagamentos altos a seus dirigentes. Exatamente por isso, se repetem por todo o país crises e escândalos provocados pela privatização da gestão de instituições públicas de saúde.
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