Abertura da Cúpula dos Povos marca início das atividades paralelas à COP30


O início do dia 12 de novembro em Belém foi marcado pela abertura da Cúpula dos Povos, evento que ocorre paralelamente à COP30 e reúne movimentos sociais, povos originários, sindicatos e universidades. Às margens do rio Guamá, o encontro foi iniciado com rituais, apresentações culturais e a tradicional barqueata, símbolo da resistência amazônica.

Presente na abertura, a professora Sílvia Amaral, da Faculdade de Educação Física (FEF/Unicamp), destacou o caráter popular e crítico do evento: “Hoje nós estamos aqui na abertura da Cúpula dos Povos. Aqui estão os movimentos sociais, como o MST, a CUT, o próprio ANDES-SN e todos os outros, compondo um movimento paralelo à COP e denunciando que as populações originárias e os movimentos sociais não foram devidamente atendidos”, disse Sílvia, que esteve no evento acompanhada da professora Emília Wanda Rutkowski (FECFAU), que também integra a comitiva da ADunicamp em Belém/PA.

A barqueata reuniu cerca de cinco mil pessoas e duzentas embarcações, que navegaram da Universidade Federal do Pará até a Vila da Barca, uma das áreas mais vulneráveis da capital paraense. O ANDES-SN participou com uma embarcação própria, levando docentes de várias universidades e reafirmando seu compromisso com a justiça climática e a defesa da Amazônia. A entidade destacou o ato como uma “barqueata histórica”, que denunciou as falsas soluções climáticas e reivindicou o protagonismo dos povos das águas e das florestas na construção de um futuro sustentável.

Durante o trajeto, faixas e cantos ecoavam palavras de ordem contra o extrativismo predatório, o racismo ambiental e a financeirização da natureza. Para os organizadores, a Cúpula dos Povos é o espaço legítimo de debate sobre o clima, pois coloca no centro as vozes de quem vive e protege os territórios mais afetados pela crise ecológica.

A programação do primeiro dia incluiu debates na Tenda da Educação, como o painel “Educação e Luta de Classes diante da Crise Climática”, e rodas de conversa sobre capitalismo, direitos humanos e conflitos socioambientais. As atividades seguem até o fim da semana, com destaque para o Tribunal dos Povos sobre Justiça Climática e a Marcha Mundial em Defesa do Clima, que encerrará o evento.

COP30

A professora Maria José Mesquita, que representa a ADunicamp na COP30 e também integra a comitiva da Unicamp, participou de diversas atividades da Conferência neste dia 12 de novembro de 2025. Entre elas, destacou-se a mesa “Stop Ecocide”, realizada no Pavilhão da República Democrática do Congo, considerada, por ela, uma das discussões mais simbólicas do evento.

a atividade integrou o esforço internacional pelo reconhecimento do ecocídio como crime contra a humanidade, movimento liderado pela Stop Ecocide International e apoiado oficialmente pelo governo congolês. A ministra do Meio Ambiente do Congo, Ève Bazaiba Masudi, ressaltou a urgência de limitar a destruição dos ecossistemas, enfatizando que a vida dos rios do Congo está intrinsecamente ligada à sobrevivência humana.

A mesa reuniu representantes do Equador, Bangladesh e Panamá, que trouxeram perspectivas convergentes: da Amazônia ao rio Ganges, do Congo às florestas equatoriais, as lutas por água limpa e pela proteção dos territórios expressam uma mesma urgência planetária. O encontro propôs reconhecer juridicamente os crimes ambientais como violações fundamentais aos direitos humanos, defendendo que proteger rios e florestas é preservar a própria vida.

Maria José também acompanhou o Painel de Alto Nível de Lideranças, realizado na Zona Azul, no Pavilhão das Crianças e Juventudes. O encontro contou com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e reuniu autoridades e representantes internacionais para discutir ações climáticas e políticas públicas sustentáveis. Durante o painel, Marina Silva defendeu a criação de um “mapa do caminho” para guiar a transição global rumo ao fim dos combustíveis fósseis e do desmatamento. Ela afirmou que, após 30 conferências, é hora de transformar metas em ações concretas e que Belém pode marcar o início de um mandato internacional para construir esse roteiro de transição justa e sustentável.

A professora Maria José também esteve presente no espaço em que foi apresentado o painel “Conexões campus e cidade: Universidade, gestão pública e movimento social em aliança por mobilidade ativa e ação climática”, também realizado na Zona Azul da COP30. A discussão abordou como universidades, governos locais e movimentos sociais podem construir políticas urbanas sustentáveis, com foco em mobilidade ativa e redução das emissões. A atividade demonstrou que a ação climática efetiva depende da integração entre ciência, poder público e participação popular, e que as universidades desempenham papel essencial nesse diálogo.

LUTA

No dia 12 de novembro, povos indígenas, quilombolas e movimentos sociais realizaram manifestações durante os eventos da conferência. As ações denunciaram a exclusão de vozes originárias das negociações e exigiram compromissos concretos com os direitos territoriais e a transição ecológica justa. Essas mobilizações reafirmaram o protagonismo histórico dos povos da floresta e o papel de suas formas de vida na manutenção do equilíbrio do planeta. Em território amazônico, a COP30 foi lembrada de que não há justiça climática sem justiça social.

A participação da comitiva da ADunicamp na Cúpula dos Povos e na COP30 evidencia o compromisso da entidade com a defesa da vida, a justiça socioambiental e a construção de soluções concretas diante da emergência climática.

 

 


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