Sobrecarga, pressão por prazos e adoecimento: ADunicamp apresenta panorama das condições de trabalho docente na Unicamp, após pesquisa nacional do ANDES-SN


A ADunicamp apresentou, em reunião aberta do Conselho de Representantes (CR) realizada em 27 de maio, um panorama detalhado e preocupante sobre as condições de trabalho e saúde dos docentes da Unicamp, baseado no recorte institucional da Enquete Nacional do Andes-SN sobre Condições de Trabalho e Saúde Docente.

Os dados revelam um cenário de intensificação da jornada, pressão contínua por prazos, acúmulo de tarefas administrativas e acadêmicas e impactos crescentes na saúde física e mental, reforçando a urgência de ações institucionais voltadas ao bem-estar do corpo docente.

O relatório completo, com dados detalhados dos docentes da Unicamp, pode ser acessado neste link

O levantamento evidencia que a sobrecarga de trabalho é uma constante na rotina dos docentes. Segundo os resultados, 76% afirmam trabalhar além da carga horária oficial e 85% consideram o tempo disponível frequentemente (37%) ou sempre (47%) insuficiente para atender a todas as demandas. Como consequência, 86% realizam atividades profissionais aos finais de semana — frequentemente (43,5%), algumas vezes (25%) ou sempre (18%). A pandemia intensificou ainda mais esse quadro: 58,7% afirmam que sua carga laboral aumentou desde 2020.

Além das atividades de ensino, o estudo mostra que os docentes acumulam tarefas como participação em bancas, elaboração de projetos, coordenação de disciplinas, produção acadêmica, atuação em comissões e responsabilidades administrativas, compondo uma rotina fragmentada, extensa e difícil de conciliar com a vida pessoal.

A pressão por prazos aparece como um dos elementos mais críticos no cotidiano acadêmico: 94% dos docentes relataram sentir cobrança constante — permanente para 47%, frequente para 30,4% e eventual para 15,2%. A isso se soma o uso intensivo de plataformas digitais e o elevado volume de comunicação por e-mail e aplicativos, que estendem a jornada para além do expediente formal e reduzem o tempo de descanso e desconexão.

A pesquisa também aponta insuficiências na infraestrutura de trabalho e um aumento significativo do custeio próprio por parte dos docentes para viabilizar suas atividades, especialmente após a adoção do trabalho remoto. A falta de servidores técnico-administrativos em quantidade suficiente também se evidencia, resultando na transferência de tarefas para os docentes.

Os impactos sobre a saúde são expressivos. De acordo com o levantamento, 46% dos docentes relatam quadros de adoecimento relacionados às tensões do trabalho, como enxaquecas, transtornos de ansiedade e alterações de humor. Grande parte dos respondentes afirma que sua condição de saúde piorou no último ano e aponta dificuldades para manter práticas de autocuidado, como atividades de lazer, exercícios físicos e consultas médicas regulares.

A enquete também revela desafios quanto à autonomia no desempenho das atividades, à participação nos processos decisórios e às relações de trabalho no retorno presencial. Tais aspectos se somam à sobrecarga e ao adoecimento, compondo um quadro que exige atenção urgente da Universidade.

Diante desse cenário, a ADunicamp reforça seu compromisso institucional de atuar pela melhoria das condições de trabalho e pela promoção da saúde docente. A entidade seguirá cobrando medidas estruturais que enfrentem a intensificação do trabalho e garantam condições mais adequadas para o exercício das atividades de ensino, pesquisa e extensão.

O relatório completo, com dados detalhados dos docentes da Unicamp, pode ser acessado neste link

Publicado originalmente em 1 de junho de 2025


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