A ADunicamp vai reabrir o processo de alteração de seu Regimento, que envolve inclusive a realização de um plebiscito, com o objetivo de atualizar uma série de dispositivos e ações que não estão previstos no texto atual, datado de 2006. A decisão foi aprovada por unanimidade em Assembleia Extraordinária de docentes, realizada nesta quarta-feira, 1 de outubro.
A presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti (IB), lembrou que desde 2023 a atual Diretoria trabalha a proposta de mudança, que exige, por determinação do próprio Regimento, uma série de etapas. “O primeiro passo é autorização, a ser aprovada por essa assembleia de hoje, para que possamos dar início ao processo”. Nesta primeira etapa a participação tem que ser presencial e não é permitida a votação online.
Após essa etapa, terá que ser realizado um plebiscito que tenha a participação de, no mínimo, 50% de associados/as. E o Regimento só poderá ser efetivamente alterado se a proposta de mudança tiver o voto SIM da maioria dos votantes. Para esta etapa, a do plebiscito, a votação poderá ser realizada online. Em 2024, a ADunicamp já havia realizado essa primeira etapa da proposta de mudança, mas não obteve quórum no plebiscito. Por isso, com a aprovação da assembleia, o processo deverá ser reiniciado.
Após uma eventual aprovação pelo plebiscito, o novo Regimento terá que ser registrado em cartório e só então poderá ser encaminhado ao ANDES-SN, que deverá validá-lo em sua instância máxima, o Congresso Nacional. “Como o próximo Congresso Nacional do ANDES-SN será realizado a partir do dia 2 de março de 2026, em Salvador, na Bahia, temos que concluir até lá todas as etapas necessárias para essa validação final”, antecipou a professora.
Silvia apontou uma série de pontos fundamentais que tornam essa mudança necessária para a condução da ADunicamp. “Em 2006, quando foi feita a última alteração no Regimento, tínhamos uma realidade bastante diferente. Muita coisa mudou nestes 20 anos, e situações importantes para a condução dos trabalhos hoje simplesmente não estavam previstas, então existem modificações sensíveis que precisam ir para o Regimento.”
O Regimento atualmente em vigor não prevê a participação de pesquisadores como associados/as da ADunicamp. Essa participação foi aprovada pelo CR (Conselho de Representantes) e também por assembleia de docentes, em 2024. Mas para que tenham direito a voto é necessária a mudança do Regimento. “Então é injusto que possam ter voz na associação, mas não possam votar”, argumentou Silvia.
Uma outra mudança que consta na proposta de mudança é a permissão de que docentes que tenham cargos na administração da Universidade possam participar da Diretoria da ADunicamp, exceto diretores(as) de Unidades e associados(as) com cargos vinculados diretamente à Reitoria. “O atual Regimento proíbe isso e, há tempos, já somos questionados sobre a importância disso”, afirmou Silvia.
Uma disposição transitória, que também consta na proposta de mudança e que, se aprovada, terá validade uma única vez, é a de mudar a data das eleições na ADunicamp. Antes da pandemia, as eleições eram realizadas em anos ímpares, na mesma data das eleições do ANDES-SN. Na pandemia, por questões logísticas e dificuldades de proceder eleições em uma situação de crise, o mandato que se encerraria em 2020 sofreu alterações, perdendo a sincronia com as eleições nacionais.
“Cada eleição dessas envolve a contratação de pelo menos mais 40 pessoas e toda uma dinâmica interna, de campanhas, de debates de chapas e muito mais. Ao sincronizarmos de novo as duas eleições na mesma data, teremos uma redução considerável de esforço e de custos”, enfatizou Silvia.
As mudanças sugeridas para o novo Regimento serão disponibilizadas para toda a base associada a partir das próximas semanas.
ROMPIMENTO
A professora Silvia ressaltou, durante a assembleia, a decisão tomada pela Reitoria da Unicamp, em 30 de setembro, rompendo o acordo entre a Universidade e a Technion, universidade israelita ligada à indústria armamentista de Israel. “A ADunicamp, que em sua última assembleia aprovou moção reivindicando o rompimento do acordo, teve um papel fundamental na decisão da Reitoria.”
Silvia lembrou que a ADunicamp questiona os fundamentos desse acordo desde 2023, mas que intensificou duramente suas críticas em 2024 e 2025, à medida que a violência de Israel aumentava e a tentativa de genocídio se tornava mais evidente.
O posicionamento da ADunicamp e de docentes diante desse caso, mostra a importância da mobilização da categoria diante de questões importantes. E, exatamente por isso, a professora informou que a Diretoria da ADunicamp está acompanhando de perto a proposta de autarquização da área da saúde da Unicamp. “Estamos acompanhando para entender esse processo, queremos discutir e ter uma discussão maior, que apresentem para todos os segmentos da Universidade o que é esse projeto. Enfim, precisamos de informações, vamos trazer os responsáveis para discutir isso aqui conosco.”
Silvia antecipou que a ADunicamp deverá trazer quatro integrantes de duas universidades paulistas onde a autarquização já ocorreu, a USP de Ribeirão Preto e a Unesp de Botucatu. “Já estamos conversando para trazer de cada universidade alguém que defenda e alguém que seja contra a autarquização. Vamos ouvir os dois lado, para ver o que já aconteceu em Ribeirão e em Botucatu e que também poderá acontecer aqui.”
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