Histórico! Após forte mobilização da comunidade universitária, Unicamp rompe convênio com a universidade israelense Technion


Em uma decisão histórica e amplamente comemorada pela comunidade universitária, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) anunciou nesta terça-feira, 30 de setembro de 2025, durante a reunião do Conselho Universitário, o rompimento unilateral do convênio mantido com a Technion – Israel Institute of Technology, uma das principais universidades israelenses, com forte atuação na área militar.

A medida é resultado direto de uma forte mobilização da ADunicamp, do STU, do DCE e do Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino da Unicamp, pelo fim das relações institucionais com instituições coniventes com a política de apartheid e genocídio promovida pelo Estado de Israel.

Estudantes passaram o dia acampados nas imediações da Reitoria à espera da votação de uma moção que defendia o fim do acordo de colaboração com o instituto israelense. O texto chegou a ser lido durante a reunião do Consu, mas não entrou em votação. Também na reunião, o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino da Unicamp apresentou uma moção com o mesmo teor, pedindo a suspensão do convênio entre a universidade e o Technion.

HISTÓRICO

Durante a reunião do Consu, o reitor da Unicamp, professor Paulo Cesar Montagner, anunciou a decisão histórica do rompimento do convênio ao ler o Despacho GR 697/2025. O texto destaca a gravidade da situação em Gaza e reafirma os valores que orientam a universidade. “A Unicamp vem acompanhando com atenção e preocupação o cenário internacional com relação à escalada das ações do atual governo israelense contra o povo palestino na Faixa de Gaza. A situação se deteriorou de tal forma que as violações aos direitos humanos e à dignidade da população palestina se transformaram em uma constante inaceitável”, diz o documento.

“Reafirmamos nosso posicionamento contrário ao genocídio da população palestina, que fere todos os princípios e valores de nossa universidade. Em consonância com diferentes setores da nossa comunidade e alinhados ao posicionamento do governo brasileiro e de várias instituições universitárias no mundo, determinamos o rompimento unilateral do único acordo de colaboração vigente com a instituição israelense”, disse o reitor. Ele ressaltou ainda que a decisão refletiu a mobilização expressiva da comunidade universitária: “tomamos essa decisão em conjunto com aquilo que vocês vinham nos indicando.”

APOIO UNÂNIME DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO

Logo após a leitura da decisão, o professor André Kaysel Velasco Cruz, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), fez um apelo para que o Consu manifestasse apoio unânime à iniciativa da Reitoria. “Convido as e os conselheiros a apoiarmos o despacho de nossa reitoria com uma aclamação geral. Isso é importante não apenas para celebrar a vitória daqueles e daquelas que se mobilizaram, mas também para demonstrar o apoio da comunidade universitária, porque sabemos que este momento é muito duro e que as forças em contrário, dentro e fora do país, são poderosas”, afirmou.

ADUNICAMP: MOBILIZAÇÃO PERMANENTE E COERENTE

A presidenta da ADunicamp, professora Sílvia Gatti, foi enfática ao saudar a decisão da Reitoria e destacou a trajetória de mobilização que resultou nesse desfecho. “Inicio cumprimentando esta Reitoria pela atitude. Era isso que nós esperávamos. Poderia até ter sido antes, mas aconteceu”, afirmou.

Sílvia lembrou que, desde novembro de 2023, a ADunicamp vem desempenhando um papel fundamental na denúncia das violações cometidas contra o povo palestino e na articulação de ações políticas dentro e fora da universidade. Ao longo desse período, a associação publicou diversas notas e comunicados denunciando as graves violações de direitos humanos na Palestina, promoveu debates e encontros com especialistas — como o realizado em 23 de setembro de 2025 —, encaminhou uma moção ao governo federal solicitando o rompimento das relações com Israel e integrou o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino da Unicamp. Além disso, em assembleia de docentes, aprovou uma moção que exigia especificamente o rompimento definitivo do convênio entre a Unicamp e a Technion.

“Há uma situação muito maior do que simplesmente romper um convênio universitário. O que está acima disso é lutar por uma Palestina livre, onde pudermos. A Unicamp tem um papel importante no cenário internacional, e seu posicionamento tem peso. Mas nós, sujeitos individuais, também devemos nos posicionar onde pudermos, contra essa barbárie que acontece lá”, ressaltou a presidenta da ADunicamp.

“Devemos dizer efetivamente não ao genocídio. E torcer, cada um com sua fé, para que ações humanitárias – como a flotilha que tenta levar alimentos e remédios à Faixa de Gaza – cheguem ao seu destino.”

UM MARCO NA HISTÓRIA DA UNICAMP

O rompimento definitivo do convênio com a Technion representa uma conquista coletiva e um marco na história da universidade pública brasileira. A decisão reforça o papel da Unicamp como instituição comprometida com os direitos humanos, com a dignidade dos povos e com a solidariedade internacional.

Mais do que um ato administrativo, trata-se de um posicionamento político e ético, fruto direto da mobilização contínua de docentes, estudantes e trabalhadores organizados — com destaque para a atuação da ADunicamp, do STU, do DCE e do Comitê — em defesa do povo palestino e pelo fim do genocídio na Faixa de Gaza.

Foto em destaque: Unicamp


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