Data-base 2025: Assembleia de Docentes considera insuficiente proposta do Cruesp e quer retomada das negociações


A proposta feita pelo Cruesp de reajuste salarial de apenas 5,51% para as Universidades Paulistas foi considerada insuficiente e desrespeitosa pela Assembleia de Docentes da Unicamp, realizada nesta terça-feira, 20 de maio. Assim, os(as) Docentes reunidos(as) aprovaram a proposta de que o Fórum das Seis volte a pressionar os reitores para a retomada das negociações da Data-base 2025, uma vez que a arrecadação prevista para as Universidades este ano já permite uma recomposição das perdas salariais que ocorreram a partir de 2012.

Os 5,51% foram propostos em reunião realizada entre o Cruesp e o Fórum das Seis na terça-feira, 19 de maio. Inicialmente, os reitores propuseram 5%, mas após negociações elevaram para 5,51%. “E deram esse valor como definitivo. Obviamente, questionamos fortemente, com base em números, a posição dos reitores”, afirmou a presidenta da ADunicamp, professora Silvia Gatti (IB), Coordenadora do Fórum e responsável pela condução das negociações com o Cruesp.

A limitação do reajuste a praticamente apenas a inflação do período (5,33%), relatou a professora Silvia, foi defendida pelos reitores sob o argumento de que a arrecadação do ICMS paulista, do qual sai a quota parte destinada às Universidades, não atingirá os R$181,8 bilhões previstos na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025.

“O Fórum das Seis discute se a arrecadação poderá ou não atingir os 181,8 bilhões de reais previstos inicialmente, mas, mesmo a partir das projeções mais conservadoras, avalia que certamente será superior aos 174 bilhões que os grupos técnicos do Cruesp preveem atualmente”, afirmou a professora.

As atuais previsões feitas pelos grupos técnicos do Cruesp realmente apontam uma arrecadação, até o final do ano, entre R$ 174 bilhões a R$ 179 bilhões. As projeções do Fórum das Seis, com base na arrecadação do primeiro quadrimestre de 2025, são a de que chegará a, pelo menos, R$ 178 bilhões. Um valor suficiente, segundo os cálculos do Fórum das Seis, para que o Cruesp dê início a proposta de recomposição das perdas salariais ocorridas a partir de 2012.

O diretor Administrativo da ADunicamp, Marcelo Alexandre Prado (FEA), que também participou da reunião do dia 19, lembrou que em anos anteriores, inclusive em 2024, as previsões do Fórum das Seis foram mais corretas que a do Cruesp. “A previsão que os grupos técnicos do Cruesp faz não é cautelosa, é claramente pessimista, em prejuízo dos salários”, disse Marcelo.

O fato, avaliou o professor, é que ao propor reajustes salariais na Data-base a partir de projeções “pessimistas” que não se confirmam ao final do ano, as Universidades acabam simplesmente reforçando o seu caixa com base no achatamento salarial.

A professora Silvia lembrou que o Fórum das Seis em nenhum momento propõe de imediato a recomposição completa das perdas salariais, que já giram em torno de 18%, mas sim que o Cruesp se comprometa a construir uma política de recuperação salarial.

Foi a partir dessas avalições que a Assembleia Geral aprovou, por unanimidade, a proposta de pressionar para uma nova rodada de negociações entre Fórum das Seis e Cruesp.

AVANÇOS

Apesar das negociações salariais terem sido travadas, a reunião do Fórum das Seis com o Cruesp avançou em dois itens essenciais da pauta unificada da Data-base 2025. O Fórum das Seis propôs e o Cruesp finalmente aceitou a criação de um Grupo de Trabalho (GT), composto por integrantes das duas entidades, para discutir e encontrar soluções sobre temas referente à permanência estudantil nas três Universidades. As diferenças que existem hoje entre as três Universidades não são relativas apenas aos valores das bolsas, mas também à forma como essas bolsas são implementadas.

Com a criação do GT, que deve estar definitivamente implantado nos próximos 30 dias, o Cruesp se responsabilizou, como reivindicava o Fórum das Seis, a definir uma política única para permanência nas três Universidades.

O segundo compromisso assumido pelo Cruesp foi o de retomar as reuniões do GT Previdência, grupo de trabalho que já foi criado com integrantes das reitorias e do Fórum das Seis, mas que permanece com as reuniões suspensas. O objetivo do GT Previdência é o de estudar as questões dos aposentados em todos os níveis e encontrar soluções para as disparidades que existem.

FINANCIAMENTO

Durante a Assembleia, a professora Silvia Gatti informou que o Fórum das Seis segue cobrando os reitores por uma postura mais incisiva em defesa do financiamento das Universidades Estaduais Paulistas.

Além de cobrar que o Cruesp seja mais efetivo junto ao governo estadual para garantir o repasse total dos 9,57% da Quota-Parte do Estado sobre a arrecadação do ICMS para as Universidades, o Fórum das Seis tem solicitado sistematicamente que os reitores se unam a proposta de emenda que indica a substituição dos atuais 9,57% da quota-parte do estado no ICMS por 8,64% da Receita Tributária Líquida (RTL). Isso porque o ICMS será extinto gradativamente até 2033.

A proposta de emenda do Fórum das Seis será apresentada durante a tramitação da proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2026.


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