Cruesp ignora recuperação salarial e propõe ínfimos 5,51%, basicamente a inflação do ano. Índice é insuficiente e desrespeitoso.


Fórum reivindica nova negociação e remete avaliação para as assembleias até 22/5. SÓ A MOBILIZAÇÃO PODE MUDAR ESSE QUADRO!

O índice salarial oferecido pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) para a data–base 2025 frustrou os representantes do Fórum das Seis na negociação realizada
em 19/5/2025, na Unicamp. Os iniciais 5,01% oferecidos, correspondentes à inflação medida pelo IPC-Fipe no período maio/2024 a abril/2025, “avançaram” mais meio ponto percentual, após quase uma hora de conversa privada dos reitores, a pedido do Fórum, chegando a 5,51%.

A negociação, que teve início às 14h30 e se estendeu até às 18h de 19/5/2025, foi acompanhada de um ato estadual, que estampou em faixas e cartazes as reivindicações unificadas dos três
segmentos. Aos manifestantes da Unicamp, somaram-se caravanas dos campi da Unesp (Assis, Bauru, Botucatu, Jaboticabal e Araraquara), além de manifestantes da USP.

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O reitor da Unicamp e atual presidente do Cruesp, Paulo Cesar Montagner, iniciou a reunião enaltecendo os mais de 30 anos de relações entre Cruesp e Fórum das Seis, diálogo que ele considera fundamental para o desenvolvimento das três universidades. Em seguida, passou a palavra aos técnicos das três universidades, que reproduziram o pessimismo que haviam demonstrado na reunião técnica realizada no dia 16/5: não creem que a arrecadação da quota-parte do estado no ICMS em 2025 vá alcançar a previsão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LOA/2025), de R$ 181,8 bilhões, valor que orientou a confecção das peças orçamentárias das três universidades para este ano.

A abertura da reunião com a fala técnica já indicava o que viria.

A urgência de uma política de recuperação de perdas
A coordenadora do Fórum das Seis e presidente da ADunicamp, Silvia Gatti, resumiu os tópicos da Pauta Unificada 2025 e frisou a expectativa de que a negociação abordasse quatro pontos considerados essenciais pelas entidades – recomposição salarial, permanência estudantil, financiamento das instituições e Previdência –, e que houvesse o compromisso de uma agenda para novas reuniões. Sobre a recomposição salarial, ela enfatizou que o Fórum também trabalhava com números, em parte divergentes dos apresentados pelos técnicos, mas que o debate deveria ser político e considerar a realidade da categoria de servidores docentes e técnico-administrativos, em grande medida endividados e adoecidos. Ela insistiu na necessidade de um compromisso dos reitores
com uma política de recuperação salarial, tendo como meta a recomposição do poder de compra dos salários em maio/2012. A reivindicação apresentada na Pauta Unificada estima esse índice em 17,5%.

Seguiram-se várias falas de representantes do Fórum das Seis, com destaque para os seguintes argumentos:

– Em 2023, num cenário de arrecadação bem mais conservador que o deste ano, a negociação foi mais favorável e conseguimos avançar, mesmo que parcialmente, na recomposição dos salários (reajuste de 10,51%).

– Em 2024, o crescimento nominal da quota-parte do Estado (ICMS-QPE), sobre a qual incidem os 9,57% destinados às universidades, foi de 14% em relação ao arrecadado em 2023. A arrecadação de 2024 fechou o ano em R$ 164,150 bilhões, valor bem superior ao que a Secretaria da Fazenda havia estimado (R$ 154,5 bi). No entanto, o reajuste salarial ficou em 5%, na
época negociado com a avaliação dos reitores de que chegaria, no máximo, em R$ 157 bi no final do ano. Havia espaço para avançarmos na reposição de perdas, mas o Cruesp recusou-se a nos receber depois de maio.

– Embora pouco menor do que a prevista pela Secretaria da Fazenda do Estado, a arrecadação registrou resultados positivos no primeiro quadrimestre de 2025 em relação a igual período de 2024. O ICMS-QPE ficou em R$ 55.772.147.604,13 bi no período de janeiro a abril/2025; o que corresponde a um crescimento nominal de 9,21% em relação ao mesmo período do ano passado. Em abril/2025, o ICMS-QPE ficou R$ 14.351 bi, total 5,4% maior que o de abril/2024.

– Apesar de os técnicos do Cruesp expressarem pessimismo em relação ao total previsto na LOA/2025, uma avaliação histórica do comportamento da arrecadação no segundo semestre aponta que ela pode se concretizar. E, ainda que os técnicos do Cruesp acertem e a arrecadação fique entre R$ 177 bi e R$ 179 bi, estaremos diante de um aumento considerável em relação a 2024.

Na sequência, os três reitores expuseram os pontos de destaque de suas gestões, falando dos índices salariais concedidos de 2022 a 2024, das contratações, dos reajustes em benefícios, das progressões nas carreiras, entre outros.

Instados a conversar em separado para avaliar a possibilidade de um reajuste mais expressivo nesta data-base, capaz de avançar na recuperação de perdas, eles se retiraram. Na volta, como dito no início desta matéria, anunciaram que chegariam aos 5,51%, índice considerado pelo Fórum como desrespeitoso e aquém das possibilidades do cenário econômico.

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