NOTA DE DOCENTES SOBRE O ATO DEMOCRÁTICO DE 5/5/2022
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Divulgação realizada por solicitação de um grupo de docentes, na condição de sindicalizados à ADunicamp.
NOTA DE DOCENTES SOBRE O ATO DEMOCRÁTICO DE 5/5/2022.
Os professores da Unicamp abaixo assinados vêm a público louvar a forma democrática como as entidades do campus – ADunicamp, STU, APG e DCE – souberam encaminhar a solicitação de espaço feita pelos organizadores da Aula Magna do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida no Teatro de Arena da Unicamp na tarde de 05 de maio de 2022.
O evento reuniu um enorme público e transcorreu tranquilamente congregando distintos setores democráticos da Universidade, assim como da cidade de Campinas. Desmentiu, portanto, as previsões de conflito e tumulto divulgadas por um grupo de docentes da Unicamp que, assim, confundiu o exercício da censura com o da crítica.
O Ato estabeleceu, ainda, um precedente que deve ser seguido por quaisquer setores democráticos da sociedade que desejem se manifestar perante a Universidade.
Unicamp, maio de 2022
Signatários:
1. Adalberto B.M. Sacchi Bassi, IQ
2. Adalberto Marson, IFCH
3. Adriana Gracia Piscitelli, Pagu/IFCH
4. Adriana Varani, FE
5. Agueda Bittencourt, FE
6. Alcir Pécora, IEL,
7. Alessandra Viveiro, FE
8. Alexandrina Monteiro, FE
9. Alik Wunder, FE
10. Álvaro Penteado Crósta, IG
11. Ana Cláudia Fernandes Ferreira, IEL
12. Ana Lúcia Goulart de Faria, FE
13.Ana Lúcia Horta Nogueira, FE
14. Ana Luiza Bustamante Smolka, FE,
15. Ana Maria Falcão de Aragão, FE
16. Ana Maria Fonseca De Almeida, FE
17. Ana Maria Rodriguez Costas, IA
18. Ana Maria Stabelini, FE
19. Anderson Ricardo Trevisan, FE
20.André Biancarelli, IE
21. Angel Humberto Corbera Mori, IEL
22.Ângela Soligo, FE
23.Anna Christina Bentes, IEL
24.Antônio Carlos Amorim, FE
25.Antônio Carlos Dias Junior, FE
26.Antônio Guerreiro, IFCH
27. Antônio Miguel, FE
28.Aparecida Neri de Souza, FE
29.Arlete Moyses Rodrigues, IFCH
30.Armando Boito Jr., IFCH
31. Arnaldo Pinto Junior, FE
32.Áurea Maria Guimarães, FE
33.Benedicto Luiz Orlandi, IFCH
34.Bruno De Conti, IE
35.Caio N. de Toledo, IFCH
36.Carlos Alberto Cordovano Vieira, IE
37. Carlos Berriel, IEL
38.Carlos Roberto Silveira Corrêa, FCM
39.Carlos Vogt, IEL
40.Carmen Lucia Soares, FE
41. Cecília Azevedo Lima Collares, FE
42.Cesar Nunes FE,
43.Cesar Pagan, FEEC
44.Cláudia Lemos, IEL
45.Cláudia Pfeiffer, IEL
46.Claudio Henrique de Moraes Batalha, IFCH
47. Cristiane Megid, Cotuca
48.Daniela Birman, IEL
49.Dario Fiorentini, FE
50.Debora Jeffrey, FE
51. Débora Mazza, FE
52.Dermeval Saviani, FE
53. Dirce Zan, FE
54.Dirceu da Silva, FE
55. Edivaldo Góis Junior, FEF
56.Edmundo Capelas de Oliveira, IMECC
57. Edwiges Morato, IEL
58.Eleonora Cavalcante Albano, IEL
59.Eliana Ayoub, FE
60.Eliete Maria Silva, FEF
61. Elisabeth Barolli, FE
62.Emília Pietrafesa, IFCH
63.Eneias Phorlin, IFCH
64.Érica Lima, IEL
65.Ernesto Kemp, IFGW
66.Evaldo Piolli, FE
67. Fabiana de Cassia Rodrigues, FE
68.Fábio Campos, IE
69.Fernanda Theodoro Roveri, FE
70.Fernando Teixeira da Silva, IFCH
71. Flávio César de Sá, FCM
72. Flavio De Oliveira, IEL
73. Francisco Alerrandro da Silva Araujo, IEL
74. Francisco Aoki, FCM
75. Francisco Foot Hardman, IEL
76. Frederico Almeida, IFCH
77. Gabriela Martins Mafra, IEL
78.Gabriela Tebet, FE
79. Gabriel Ferreira Zacarias, IFCH
80.Guilherme do Val Toledo Prado, FE
81. Gustavo Tenório Cunha, FCM
82.Hector Benoit, IFCH
83.Helena Costa Lopes de Freitas, FE
84.Helena Sampaio, FE
85.Heloísa Matos Lins, FE
86.Heloisa Pontes, IFCH
87.Henrique N. Sá Earp, IMECC
88.Herling Aguilar Alonzo, FCM
89.Inês Ferreira de Souza Bragança, FE
90.Inês Petrucci, FE
91. Itala Loffredo, IFCH
92.Itamar Ferreira, FEM
93.Ivan Xavier Moura do Nascimento, IMECC
94.Ivany Pino, FE
95.Izabel Marson, IFCH
96.Jeanne Marie Gagnebin, IFCH
97. Jefferson Picanço, IG
98.Jesus Ranieri, IFCH
99.João Ernesto de Carvalho, FCF
100. João Frederico da Costa Azevedo Meyer, IMECC
101. João Quartim de Moraes, IFCH
102. Jorge Megid Neto, IEL
103. José Carlos Pinto de Oliveira, IFCH
104. José Claudinei Lombardi, FE
105. José Dari Krein, IE
106. Josely Rimoli, FCA
107. José Mario Martínez, IMECC
108. José Maurício Arruti, IFCH
109. José Roberto Zan, IA
110. Josianne Cerasoli, IFCH
111. Lalo Minto, FE
112. Laura Rifo, IMECC
113. Lauro Balsini, IEL
114. Leandro Barsalini, IA
115. Leandro Martínez, IQ
116. Leila Ferreira da Costa, IFCH
117. Liliana Segnini, FE
118. Luana Saturnino Tvardovskas, IFCH
119. Luciane Miranda Guerra, FOP
120. Luciane Muniz Ribeiro Barbosa, FE
121. Luciano Allegretti Mercadante, FCA
122. Lucilene Reginado, IFCH
123. Luís Enrique Aguilar, FE
124. Luise Weiss, IA
125. Luiz Antonio Barrera San Martin, IMECC
126. Luiz Carlos de Freitas, FE
127. Luiz Carlos Dias, IQ
128. Luiz Marques, IFCH
129. Lygia Eluf, IA
130. Mara Regina Jacomeli, FE
131. Mara Sordi, FE
132. Marcelo El Khouri Buzato, IEL
133. Marcelo Terra Cunha, IMECC
134. Marcelo Weishaupt Proni, IE
135. Márcia Baldini, FCM
136. Márcia de Paula Leite, FE
137. Márcia Mendonça, IEL
138. Márcio Pochmann, IE
139. Marco Antonio Rocha, IE
140. Margareth Rago, IFCH
141. Maria Aparecida Affonso Moyses, FCM
142. Maria Aparecida Guedes Monção, FE
143. Maria Bernadete Abaurre, IEL
144. Maria Betânia Amoroso, IEL
145. Maria Irma Hadler Coudry, IEL
146. Maria José Maluf De Mesquita, IG
147. Maria José P. M. de Almeida, FE
148. Maria Lygia Quartim de Moraes, IFCH
149. Maria Marcia Sigrist Malavasi, FE
150. Maria Rita Donalísio, FCM
151. Maria Stella Bresciani, IFCH
152. Mariângela Resende, FCM
153. Marilisa Berti de Azevedo Barros, FCM
154. Mário Augusto Medeiros, IFCH
155. Mário Gneri, IMECC
156. Mario Luiz Frungillo, IEL
157. Max Henrique Machado, FEE
158. Natália Corazza Padovani, Pagu/IFCH
159. Newton Antonio Paciulli Bryan, FE
160. Nima Spigolon, FE
161. Nora Krawczyk, FE,
162. Omar Thomaz, IFCH
163. Oswaldo Giacoia Jr., IFCH
164. Patricia Prata, IEL
165. Paulo José De Siqueira Tiné, IA
166. Paulo Sérgio de Vasconcellos, IEL
167. Pedro Cunha de Holanda, IFGW
168. Pedro Ganzeli, FE
169. Pedro Paulo Zahluth Bastos, IE
170. Petrilson Pinheiro, IEL
171. Plínio de Arruda Sampaio Jr., IE
172. Raquel Gryszczenko Alves Gomes, IFCH
173. Raquel Salek Fiad, IEL
174. Regina Machado, IA
175. Regina Célia da Silva, CEL
176. Régis Silva, FE
177. Renê Trentin, FE
178. Ricardo Carlos Cordeiro, FCM
179. Ricardo Coltro Antunes, IFCH
180. Ricardo Figueiredo Pirola, IFCH
181. Roberto Heloani, FE
182. Rodolfo Ilari, IEL
183. Rodrigo Camargo de Godoi, IFCH
184. Rui Luís Rodrigues, IFCH
185. Ruth Lopes, IEL
186. Sávio Cavalcante, IFCH
187. Selma Venco, FE
188. Sérgio de Lucca, FCM
189. Sérgio Leite, FE
190. Sérgio Resende Carvalho, FCM
191. Sílvio Gallo, FE
192. Sírio Possenti, IEL
193. Sueli Irene Rodrigues Costa, IMECC
194. Suely Kofes, IFCH
195. Suzi Frankl Sperber, IEL
196. Thaís Lima Nicodemo, IA
197. Theresa Adrião, FE
198. Trajano Vieira, IEL
199. Vanessa Rosemary Lea, IFCH
200. Verônica Gonzales-Lopes, IMECC
201. Viviane Veras, IEL
202. Wagner Romão, IFCH
203. Wagner Xavier de Camargo, FE
204. Walter Carnielli, IFCH
205. Wilmar D´Angelis, IEL
ADunicamp Concertos recebe, no dia 25/05, o pianista argentino Eduardo Elia
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No próximo dia 25 de maio (quarta-feira), a série ADunicamp Concertos retoma suas atividades presenciais com a apresentação do pianista Eduardo Elia. O show, que terá início as 20 horas, será no auditório da ADunicamp, de modo presencial.
Nasciso em Córdoba, Argentina, Eduardo Elia lançou oito discos na carreira: “Callado” (2008), “El yang y el yang” (2011), “We see” (2012), “Figuras de un solo trazo” (2015) , “Solo” (2016), “Cuando sea necesario” (2019) , e “Lejos del torbellino” (2020). Recentemente, ele lançou o “The art of not faling – Improvisations on Schoenberg’s Op 19 piano pieces”, pelo qual foi reconhecido como o “Pianista del año” na pesquisa realizada pelo site especializado em jazz “El Intruso”. Saiba mais sobre a carreira dele aqui.
SERVIÇO ADunicamp Concertos Show com o pianista Eduardo Elia Data: 25/05 (quarta) Horário: 20h Local: Auditório da ADunicamp Evento presencial
Seminário promovido pela ADunicamp aponta caminhos para fortalecer a comunicação sindical e popular
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Três mesas de Trabalho reuniram oito estudiosos e especialistas em diferentes áreas da comunicação, ao longo desta sexta-feira, 20 de maio, no segundo dia do Seminário de Comunicação Sindical – Mídia e Política no Século XXI, promovido pela ADunicamp em parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação. O Seminário foi realizado de forma híbrida, com conferencistas e participantes tanto presenciais, no auditório da ADunicamp, ou online.
A primeira Mesa, com o tema Comunicação no Século XXI – Internet, Polifonia, Controle Social e Possibilidades Emancipatórias, reuniu os professores Eugênio Bucci, da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes) e Márcio Carneiro dos Santos, da UFMA, onde coordena o Laboratório de Convergência de Mídias, e também Diego Dorgam, especialista em gestão, desenvolvimento ágil e governança de TI (Tecnologia da Informação).
O professor Eugênio, que já presidiu a Radiobras de 2003 a 2007, falou sobre as grandes transformações do papel da comunicação no capitalismo moderno, que que foram fortemente aceleradas pelas novas tecnologias. “Fomos adestrados a conceber a comunicação como uma extensão que viria depois de decisões tomadas nos núcleos do poder. Comunicação seria uma esfera acessória do que se passa no mundo do poder e da política”.
Mas, segundo ele, hoje “está escancarado” que a comunicação se encontra no centro do capitalismo. “O fluxo de dados, o fluxo dos discursos e o fluxo de dados pessoais assumiu o centro do capitalismo”, com o capital financeiro no coração das megacorporações bilionárias de comunicação e informação. “As empresas mais valiosas do capitalismo são hoje os monopólios que se identificam ao extrativismo dos dados pessoais e exploram o mercado”.
O extrativismo de dados e suas formas de ação e atuação no mercado já são bastante estudados, segundo o professor, mas há outra mudança em curso no capitalismo moderno, intrinsecamente ligada à comunicação: “Trata-se da transformação da mercadoria de coisa física em imagem”. A mercadoria moderna, além da coisa corpórea, externa e física, que preenche uma necessidade com valor de uso e de troca, como definiu Karl Marx, no século XIX, “se ancora hoje na fantasia, na imagem, e interpela o desejo nas pessoas”.
“A mercadoria aparece para o sujeito como um signo que vai emprestar sentido ao que é vazio no sujeito. A mercadoria interpela o desejo e não mais a necessidade. O valor de uso virou valor de gozo”, avaliou. Mesmo quando se fala de mercadorias como o petróleo ou o aço, “na ponta está o desejo, encarnado no signo do automóvel, do turismo” e assim por diante.
“O capitalismo fez com a que mercadoria fosse antes de tudo uma imagem. Criou a superindústria do imaginário. Isso é anterior a invenção das redes, da internet, do computador. Mas é agora a tecitura, a forma estruturante do capital”, e se ancora radicalmente na comunicação. E ao se transformar no centro do capitalismo, a atividade de comunicação está no centro do poder, a quem interessa totalmente a desinformação e a criação de comportamentos de manada nas redes.
Assim, para o professor Eugênio, essa concentração do capital torna assimétrica a discussão da comunicação. “A hipertrofia das big techs só será contida se houver regulação. Governos democráticos regulam o mercado. Deveriam regular, no plano internacional, a hipertrofia desses conglomerados”. E essa questão, avaliou o professor, não pode sair da pauta das lutas da comunicação popular e sindical.
O professor Eugênio é autor do livro “A Superindústria do Imaginário” (Autêntica, 2021), que disseca o tema.
‘O PRODUTO É VOCÊ’
“Se você não paga pelo produto, o produto é você”. A famosa frase popularizada pelo filme o Dilema das Redes (2020) foi utilizada pelo segundo conferencista do dia, professor Márcio Carneiro dos Santos, especialista em Teorias e Tecnologias da Comunicação, para apresentar o modelo de negócios das redes sociais e as implicações dele, que vão muito além da compra e venda de produtos e serviços.
“Como pessoas e ideias moralmente duvidosas conseguem espaço, crescimento e influência no ambiente digital?”, indagou o professor. “De repente, tudo começa com uma mamadeira. Você entra na internet e procura uma mamadeira para sua netinha, como pode acontecer comigo, que tenho uma neta. Imediatamente você começa a ser assombrado por mensagens com produtos para bebês”. E a “assombração” aparece, pontuou ele, em qualquer outro site, canais de internet e redes sociais que o vovô ou a vovó acessem.
Ou seja, os serviços oferecidos “gratuitamente” para acesso a redes sociais e navegação na internet prospectam os dados pessoais dos usuários, os vendem para empresas anunciantes e é assim que as big tech garantem os faturamentos bilionários que as colocam hoje entre as empresas mais valiosas e lucrativas do mundo.
Essa relação virtual entre compradores potenciais e empresas interessadas na venda de seus produtos é intermediada pela Inteligência Artificial a partir dos chamados “algoritmos de interação”, apresentados no universo do marketing com um dos grandes avanços no mundo comercial propiciado pelas novas tecnologias.
E, inicialmente, segundo o professor, não a nada a se opor aos “algoritmos de interação” no mundo comercial. “Vejo o que você gosta e apresento o que você gosta. Só que nossos dados são monitorados permanentemente, região geográfica, o que você acompanha, com quem fala, o que você vê, que mensagens ou notícias compartilha. Captam nossos dados, nos empacotam e nos classificam”.
E quanto mais tempo as pessoas passam interagindo nas redes, mais informações disponibilizam sobre as áreas de interesse delas. Daí a permissão intencional das mídias de não coibir, como poderiam, a proliferação de ideias “moralmente duvidosas” e muitas das fake News que circulam em abundância, desde que sejam compartilhadas e prendam a atenção do maior número de pessoas.
“Notícia ruim é notícia boa, já dizia o chavão da imprensa. Elas geram atenção e as pessoas acabam compartilhando. É assim que se propagam. Os algoritmos te definem, te aproximam de grupos e pessoas que pensam e têm os mesmos interesses que você, e aí tem a geração das bolhas. Daí eu tenho uma coisa que é estranha para as pessoas, mas elas se engajam no tema, podem até falar mal, mas divulgam”.
Grupos com pessoas que pensam e agem de maneira semelhante geram uma autoconfiança comum. E é assim que nasce, segundo o professor, o fenômeno do contágio, do “comportamento de manada”.
“Agora, se ao invés de recomendar produtos e serviços eu pudesse usar esse mesmo fenômeno, esse volume de informações sobre as pessoas, para recomendar ideias, posições, conceitos?”, questionou o professor. E, para ele, é isso que está hoje está no centro da política.
Quanto mais “aprisionadas” nas mídias e circunscritas nas chamadas “bolhas”, mais suscetíveis as pessoas estão para confiar nas informações que recebem. “A luta pelo poder nas redes sociais, assim como o marketing político, tem interpretado isso e utilizado. Mas estamos falando de sistemas complexos e não existem fórmulas simples ou já prontas para que enfrentemos essa questão”, alertou.
REDES OCULTAS
“A grande revolução capitalista das redes sociais que foi essa nova forma de distribuir anúncios, agora se converte numa mega empresa que usa Inteligência Artificial para ver como as pessoas se comportam. Faz um perfilamento do público, uma micro segmentação que tenta converte-lo cada vez mais para o meu produto”, avaliou Diego Dorgam, o terceiro palestrante.
Quando o marketing digital é convertido para o marketing político, usa o mesmo caminho. E, para Diego, “isso tem influências e impactos devastadores na sociedade” e exige, cada vez mais, que tenhamos uma compreensão profunda do funcionamento das redes, uma vez que as corporações não apresentam transparência nenhuma em seus algoritmos e na captação e utilização dos dados que coletam.
O que aconteceu nas eleições que levaram Jair Bolsonaro à presidência é um exemplo. “No começo, ninguém sabia o que estava acontecendo no WhatsApp. Ficou todo mundo atônito. Afinal, como as pessoas podiam acreditar nas ideias e nas fake News propagadas?”, lembrou ele.
Especialista em Inteligência Artificial, Diego realizou o que chama de engenharia reversa para se aprofundar no estudo do fenômeno e descobriu que na verdade havia uma rede social oculta e extremamente organizada operando dentro e com os instrumentos do WhatsApp.
Utilizando perfis falsos, robôs de internet e estratégias de impulsionamento e segmentação de públicos, a rede oculta se confundia com o WhatsApp. “Não tinha como prever”. As investigações de Diego chegaram a detectar 548 comunidades geridas por essa rede social oculta. “Cada uma delas relacionada com algum dos epicentros da campanha de Bolsonaro: bolsominions, religiosos, produtores de opinião e assim por diante”, relata.
Como as comunidades estavam claramente circunscritas em bolhas, como a dos evangélicos, por exemplo, e tratavam de vários assuntos além da política, havia um ambiente de confiança quando a informação, mesmo falsa e vinda de perfis falsos, era recebida. E foram detectados grupos dos mais variados perfis: desde grupos de oração, de namoro, até um grupo de troca de pornografia masculina. “Aí estudamos e compreendemos a rede bolsonarista como um todo”, conta Diego.
A estratégia de convencimento nas comunidades era muito organizada. Divulgava informações, reais ou falsas, focadas na persuasão e convencimento dos diferentes públicos das comunidades, e tinha capacidade de disparar uma quantidade gigantesca de informações diárias, alimentando as centenas de grupo. A estratégia, avalia ele, é de dominar “não pela falta de informações, mas pelo excesso”.
Para Diego, a extrema direita tem usado uma clara estratégia de desinformação para propagar suas ideias, não só no Brasil, mas em vários países da América Latina e do mundo. No Brasil, ela está em curso hoje nos ataques ao STF e ao Congresso Nacional. “Em fevereiro de 2020 começaram as manifestações contra o Congresso e o STF, logo vêm nas redes os conteúdos das igrejas apoiando o fechamento do STF e. em seguida, começam a circular as fake News”, relatou.
Essa estratégia, com micro compartimentos de informações em comunidades nas redes, fortalece o discurso único. “A desinformação é colocada como um processo de libertação, à margem de qualquer debate público”. Como se as mentiras propagadas fossem, de alguma forma, a verdade que os adversários tentam ocultar.
Para Diego, é indispensável que haja maior clareza e regulação sobre o que realmente está acontecendo nas redes. “O inimigo não é a ferramenta, mas quem faz uso dessa ferramenta com maior efetividade e desigualdade. Temos que coibir e penalizar o mal uso. Pois o que circulam nesses grupos não são narrativas democráticas, mas crimes disseminados e com impunidade, criando despreparo da população para o processo eleitoral. Isso é terrorismo digital”, apontou Diego.
Redes sociais e internet: a ‘encrenca’ que tem que ser enfrentada
“Nós estamos diante dessa encrenca que é discutir a questão da internet na comunicação sindical. É realmente uma encrenca, uma enorme tarefa de conquistar corações e mentes, diante da comunicação monopolizada pelos conglomerados de mídia que repetem e repetem e repetem as mesmas notícias e ideias, e também agora diante das mega big thecs da internet e das redes sociais”, desafiou a professora de História e diretora do Núcleo Piratininga de Comunicação, Cláudia Santiago, ao abrir a segunda Mesa do dia, que tratou da Comunicação Sindical nos Locais de Trabalho e de Forma Remota.
Cláudia, co-autora do livro “Comunicação Sindical: a arte de falar para milhões”, lembrou que a comunicação sindical tem uma longa história no Brasil e já atravessou momentos muito mais difíceis que os de hoje, como ocorreu, por exemplo, durante a ditadura militar. Para ela, todas essas dificuldades foram enfrentadas principalmente a partir do fortalecimento e união entre as entidades sindicais.
“E o objetivo desse seminário é exatamente o de juntar gente para atuar no campo da comunicação. De uma forma ou de outra, agora as nossas vidas estão conectadas com essas redes, novamente definindo hábitos e ideias. Nosso desafio é chegar às pessoas. É compreender e agir neste novo momento”.
NOVAS FRENTES
A busca pela compreensão deste novo momento, apontado por Cláudia, foi o que levou o jornalista do SINTPq (Sindicato dos Pesquisadores/SP), Ricardo Andrade, mestrando em comunicação pela PUC-Campinas, a realizar um amplo estudo sobre a comunicação sindical conduzida por cinco grandes sindicatos do país.
“O que busquei foi entender a relação com as diferentes mídias no trabalho dos sindicatos”, disse Ricardo. A pesquisa selecionou sindicatos de referência em diferentes categorias e que se destacam na comunicação. A primeira característica que ele identificou foi a formação multidisciplinar e profissionalizada das equipes. “Antes, um jornalista resolvia a questão. Hoje, com as novas ferramentas, o trabalho exige também profissionais de diferentes campos, como designer gráfico, filmagem, edição de vídeo, atuação nas redes socias e gestão de dados, já que é impossível um único profissional ter nível aprofundado em todas essas áreas”, apontou ele.
As equipes completas permitem que os sindicatos estudados atuem de forma eficiente nas diferentes redes sociais e também junto às mídias tradicionais, como jornais, rádios e TVs, desde as emissoras comerciais às comunitárias ou de sites independentes na internet. Todos os sindicatos pesquisados produzem também e regularmente boletins e outras formas de materiais impressos. Isso, para ele, mostra que a comunicação sindical se torna muito eficaz quando cria mecanismos para atuar com todos os meios disponíveis.
Outra característica importante verificada pela pesquisa foi utilização das redes sociais não só como vitrine para expor as peças de comunicação, mas como ferramenta integrada de luta, ou seja, como instrumento de comunicação com outros setores da sociedade, além de suas categorias sindicais.
“Importante também foi verificar que todos utilizam as novas tecnologias para desenvolver plataformas que garantam a comunicação de mão dupla, ou seja, a categoria não apenas recebe a informação, mas tem como falar com o sindicato. Alguns desses sindicatos têm inclusive chats com atendentes o tempo todo”, relatou.
Assim, para Ricardo, a utilização de todas as ferramentas disponíveis de comunicação é uma chave que permite transpor muitas das dificuldades e ataques que o sindicalismo vive hoje no Brasil. “O sindicato tem um poder de alcance nunca visto antes, como é o caso das assembleias virtuais que permitem que todo mundo, mesmo em diferentes sedes, acompanhe”, avaliou.
DESINFORMAÇÃO
Para o jornalista e cientista político Guilherme Mikami, cofundador da agência de comunicação sindical Abridor de Latas, a disputa disparada pela extrema-direita nas redes sociais é baseada em dois conceitos que a comunicação sindical deve enfrentar e tem instrumentos para isso.
O primeiro conceito é a disseminação da desinformação, largamente utilizada na campanha presidencial de Jair Bolsonaro. No começo, lembrou ele, as fake News pareciam brincadeiras, pequenas mentiras e piadas para atrair visitantes para o site e para comunidades nas redes sociais.
Essa arma deu margem para a utilização do segundo conceito apontado por Guilherme, o do engajamento dos visitantes nos grupos da internet. Conforme as comunidades eram criadas, as fake News passaram a ser amplamente utilizadas para mudar a percepção das pessoas sobre a sociedade, como o ataque às universidades e escolas, que seriam “lugares onde seus filhos não devem ficar”.
“Nesse caso, era como se professores estivessem degenerando as crianças. Realidades que não existem começam a existir para as pessoas. Acreditar na Terra plana ou qualquer outra coisa absurda leva as pessoas a acreditar em qualquer coisa. Terreno aberto para a desinformação”, avaliou.
A partir daí, a extrema-direita percebeu que as redes sociais eram o melhor caminho para uma disputa de narrativa. “E os extremistas que criam as fake News nem precisam acreditar no que produzem, mas sabe que funcionam”. E quanto mais a mentira circula mais ela vai render e por isso, com mecanismos muito falhos de controle, as redes sociais dão plena liberdade a elas.
Estudos recentes mostram que a desinformação gera mais engajamento do que a informação correta. “A cultura de engajamento é muito grande na direita e pouco entre progressistas e pessoas de esquerda. A extrema-direita sabe como funciona a desinformação do ódio e tem colocado a democracia em risco pelo brasil e fora. A tática é acuar adversários, ameaçar, calar, intimidar, gritar e espernear. Assim dão a impressão que são muitos e estimulam o medo nas pessoas o tempo todo. A tática é parecer maiores do que realmente são”, apontou.
Para Guilherme, a estratégia acua adversários, mas principalmente reforça a bolha da extrema-direita, que se une pelo medo dos oponentes. As avaliações dele mostram que a bolha da extrema-direita recebe altos investimentos para ser impulsionada e é extremamente fechada em si.
Por isso, não é com essa a bolha que a comunicação sindical e progressista deve brigar ou tentar atingir. “A nossa bolha é menor, mas totalmente diferente da deles. E, na verdade, a grande bolha das redes sociais é uma massa de pessoas que não está inclinado para nenhum lado. E tem uma grande maioria delas que está na base dos sindicatos, então é essa a grande bolha com a qual temos que conectar”, defendeu.
E as entidades sindicais e progressistas têm a seu favor, na avaliação de Guilherme, pontos fundamentais para disputar narrativas: “pautas justas, humanidade, somos muitos e temos algum grau de organicidade e organização”.
Ocupar territórios, resgatar a história e atuar em todas as frentes
Na luta por ideias, a comunicação sindical tem que ir além da internet e das mídias tradicionais e “ocupar territórios”, ou seja, ir ao encontro de suas bases e suas comunidades. Essa é a avaliação da jornalista e militante feminista Denise Simeão, mestra em Mídia e Artes pela PUC/Campinas, e que falou na terceira Mesa do dia, Outra Comunicação é Possível nos Bairros e nas Ruas.
Denise conta que o surgimento da internet empolgou setores progressistas quando surgiu. “Pensávamos em redes independentes onde muito pudessem ser depositários. Achávamos que poderíamos romper a hegemonia dos conglomerados de mídia e, em algum momento, até conseguimos. Depois fomos vendo que não era bem isso. Eram espaços empresariais, hoje controlados pelas megacorporações”, relatou.
A professora Cláudia Santiago, que também participou da Mesa, defendeu a mesma posição: “O sindicato tem que voltar a atuar nos bairros, tem que voltar a fazer política, encontrar as comunidades”. Ela lembrou que a imprensa sindical travou importantes disputas ao longo de sua história e também tem sido fundamental na luta ideológica contra o neoliberalismo.
Cláudia contou que o resgate de parte importante dessa história está em curso, a partir da sistematização dos arquivos do CPV (Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro) que detém o principal acervo sobre a imprensa sindical e dos movimentos sociais brasileiros e da América Latina nos anos 1970, 1980 e 1990.
A historiadora Paula Salles, responsável pela catalogação e sistematização do acervo, que hoje se encontra na Unicamp, contou que em breve o material será aberto para a consulta pública. O acompanhamento dos trabalhos pode ser feito pelo site www.cpvsp.org.br.
“CPV surgiu no momento em que a ditadura estava com uma repressão muito forte, com o engajamento da guerrilha dos anos 1970, e realiza um verdadeiro trabalho de formiguinha. A proposta é registrar nossa história. Precisamos registrar nossa história, pois isso sempre vai nos ajudar no futuro”, defendeu Paula.
Para a historiadora, assim como no passado cabe hoje aos sindicatos escrever e zelar pela história dos trabalhadores. “É muito importante que os sindicatos também coloquem hoje o seu olhar e a sua comunicação nisso”.
NA ESSÊNCIA
A jornalista Nina Fideles, da direção geral do jornal Brasil de Fato, que além da internet circula em forma impressa em muitas cidades do país, o debate da comunicação nunca está fechado. “Muda o meio, muda a conjuntura, mudam as ferramentas. Então é sempre um desafio permanente. E nosso objetivo é atuar para que as pessoas tenham mais consciência e mudem o país para melhor”.
Para Nina, não existem fórmulas únicas a serem aplicadas na comunicação de diferentes sindicatos e movimentos sociais, até porque alguns se comunicam com públicos de nichos específicos e outros com públicos amplos. Mas o essencial, avaliou ela, é que sejam criados mecanismos permanentes de troca de informações, conteúdos e experiências.
“O Brasil de Fato veio dessa pegada de juntar diferentes jornalistas e movimentos de vários cantos do Brasil. Por muito tempo se sustentou como impresso semanário, mas aí vieram as redes”. Então foi criado o Centro Popular de Mídia, que entre outros produtos, produzia conteúdo para rádios, inclusive rádios comerciais, internet e redes sociais.
“Podemos até achar brechas nos algoritmos, mas não vamos conseguir mudar a lógica das redes sociais. Portanto, uma decisão que é clara para nós é que temos que produzir e oferecer um jornalismo de qualidade, com rigor, checagem e com pautas orientadas pela nossa posição política”, defendeu.
Para ela, é fundamental que a comunicação sindical e o jornalismo independente atuem em todos os lugares possíveis “na cultura, nas redes, nas ruas, nos muros”. “Mas temos que canalizar e ser assertivos naqueles pontos em que podemos atuar, pois não temos como disputar com as corporações todas”.
OFICINA DE COMUNICAÇÃO
O Seminário de Comunicação Sindical – Mídia e Política no Século XXI, foi encerrado neste sábado, 21 de maio, com a Oficina de Comunicação Sindical e Mídias Digitais, conduzida pelas jornalistas Najla Passos, mestre em Linguagens/Estudos Literários e Culturais, e Kátia Marko, editora do Brasil de Fato do Rio Grande do Sul.
A oficina, ministrada no auditório da ADunicamp, mostrou e discutiu técnicas e experiências de comunicação e atuação de entidades sindicais e sociais nas mídias eletrônicas.
Foram os seguintes os temas tratados:
Mídias sociais e suas ferramentas – Estratégias para domar o algoritmo e viralizar conteúdos, mobilizar pessoas e criar ações virtuais de sucesso.
Cobertura colaborativa de atividades – Como envolver colaboradores para realizar transmissões ao vivo; a hashtag com o indexador virtual; ação especial nas redes sociais.
Site como integrador da presença digital – A importância do website para a difusão, organização e registro histórico dos movimentos sociais. Site como articulador de estratégias transmitidas de comunicação.
Fotos: Paula Vianna/ADunicamp; Léo Silva e Adri Grittem/QuemTV
ADunicamp CLIPPING | Nº 180 | de 16 a 20 de maio de 2022
CONVOCATÓRIA | ASSEMBLEIA DE DOCENTES NA ADUNICAMP, DIA 26/05
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A Diretoria da ADunicamp convoca o(a)s Docentes da Unicamp para Assembleia Geral Ordinária – que será de maneira híbrida (presencial e on-line) – a ser realizada no dia 26/05/2022 (quinta-feira), a partir das 11h45 (primeira chamada) e 12h15 (segunda chamada).
PAUTA
1 – Informes.
2 – Data-base 2022: próximas ações mediante a falta de agendamento de reunião de negociação por parte do Cruesp.
ORIENTAÇÕES PARA PARTICIPAÇÃO NA ASSEMBLEIA DE MODO ON-LINE
Todos/as os/as docentes deverão se inscrever para participar da ASSEMBLEIA até às 17 horas do dia 25 de maio de 2022, pelo e-mail rose@adunicamp.org.br.
Todos/as os/as docentes que se inscreverem para participar da ASSEMBLEIA receberão, em seus respectivos e-mails, o link de acesso para o encontro na manhã do dia 26 de maio de 2022.
Para evitar possíveis invasões e/ou ataques de robôs, pessoas ou grupos que não pertencem à categoria docente da Unicamp, solicitamos que o link enviado não seja compartilhado.
A plataforma utilizada será a ZOOM VÍDEO. Para ter acesso pelo celular, o/a usuário/a deverá baixar o aplicativo ZOOM. Quem for utilizar um computador precisa apenas clicar no link enviado por e-mail e digitar a senha (também enviada por e-mail) se solicitada. É importante que se utilize um computador com câmera e microfone.
O/a docente deverá acessar ao link a partir das 11h30 – o horário da primeira chamada da ASSEMBLEIA é 11h45. A entrada na sala será autorizada pelos administradores, o que poderá acarretar alguns minutos de espera, daí a importância de entrar na sala com 15 minutos de antecedência.
PARTICIPEM!
ADunicamp abre Seminário de Comunicação Sindical com palestras sobre os desafios do século XXI
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O “Seminário de Comunicação Sindical – Mídia e Política no Século XXI”, realizado pela ADunicamp em parceria com o Núcleo Piratininga de Comunicação, foi iniciado nesta quinta-feira, 19 de maio, com as primeiras palestras sobre o tema da “Comunicação no Século XXI”.
O Seminário é realizado de forma híbrida e tem 60 participantes inscritos de forma presencial, no auditório da ADunicamp, e outros 140 online, um grande número deles/as integrantes de entidades sindicais, da sociedade civil organizada e de movimentos sociais. As palestras também ocorreram de forma híbrida, com palestrantes participando presencialmente ou online.
“A disputa entre nós, comunicadores sindicais e a grande mídia, a mídia burguesa, existe, é latente e diária. E hoje, não tão latente assim, muito pelo contrário, é a nossa disputa diária contra a desinformação promovida inclusive pelo atual governo federal”, afirmou o coordenador de Comunicação da ADunicamp, jornalista Fernando Piva, que saudou os participantes e fez a fala de abertura do Seminário.
Para Fernando, a situação atual do país, faz com que a comunicação sindical seja obrigada a ultrapassar os muros que cercam as suas bases. “Hoje, faz parte das nossas lutas diárias a defesa da verdade, o combate à fake News e, acima de tudo, a defesa da nossa democracia”, afirmou.
A coordenadora do Núcleo Piratininga, Cláudia Santiago, apontou o “caráter inédito” do Seminário, que foi aberto para representantes de entidades de todas as categorias e para profissionais de todo o país. O Piratininga, lembrou ela, costuma realizar frequentes seminários sobre mídia sindical e popular, mas sempre dirigido a determinadas categorias ou movimentos sociais.
“Temos um desafio muito grande da comunicação neste momento. Necessidade urgente que a gente tem, pois não existe ação sindical sem comunicação. E a encrenca que a gente está metida, do ponto de vista da comunicação, é o mundo da internet. Como é que a gente está lidando com essa história. E é disso que a gente vai falar bastante aqui, nas próximas mesas”, antecipou Cláudia.
A presidenta da ADunicamp, Sílvia Gatti (IB), que mediou a Mesa de Abertura, afirmou que a ideia de realizar o Seminário nasceu a partir da proposta de “termos uma comunicação mais arrojada e de atingir objetivos” tanto no âmbito interno da Universidade quanto com o público externo.
Para Sílvia, é fundamental que as entidades sindicais e movimentos sociais busquem uma comunicação ampla com o conjunto da sociedade. “A pauta da imprensa tradicional esquece questões essenciais para o país. Precisamos levar a informação real. Muitas vezes perdemos muito tempo com as pautas que são impostas a nós, esquecendo as coisas essenciais”, avaliou Sílvia ao comentar a importância de encontros e debates como os propostos no Seminário.
OS DESAFIOS
A primeira Mesa do Seminário apontou os principais desafios que a comunicação sindical, popular e democrática enfrenta com o advento das novas tecnologias e o controle em escala global dos meios de comunicação (foto abaixo).
O primeiro palestrante, o sociólogo e jornalista Laurindo Lalo Leal, professor aposentado da ECA/USP e diretor do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, questionou alguns dos modelos de comunicação e participação de entidades sindicais com suas bases e defendeu que novas formas de ação precisam, e já começam, ser gestadas, inclusive graças à utilização ampla das novas tecnologias.
Lalo relatou a experiência recente das eleições na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), na qual ele participa do Conselho Deliberativo, como uma dessas experiências a serem ampliadas e seguidas. “Até essas eleições, as diretorias da ABI eram integradas em sua maioria por jornalistas do Rio de Janeiro. E as ações eleitorais também se limitavam ali”, apontou. Nas últimas eleições, a chapa vencedora, a Chapa 2, mudou totalmente esse modelo e passou a realizar plenárias e encontros virtuais com profissionais de todo o Brasil, às vezes com mais de 100 participantes.
“O que vimos foi a vitória do ‘chão-de-fábrica’. Profissionais antes isolados, ‘representados’ pelas diretorias passaram a ser ‘representantes’ a ter voz, a decidir”, relatou. Para Lalo, esse novo modelo de representação e de atuação é fundamental para ampliar de fato a comunicação dos sindicatos com suas bases. “A novidade é um processo de interação, participantes com direito à voz, foram ouvidos e levados em consideração. Foi criado um entusiasmo que nunca vi nos movimentos sindicais da área da comunicação”.
O professor e coordenador do Laboratório de Mídia da UFES (Universidade Federal do Espirito Santo), Edgard Rebouças, também diretor do Centro Barão de Itararé, afirmou que os grandes problemas que apontam no século XXI não têm nada de novos. “São mutações de algo que já vinha acontecendo, que já vem acontecendo”, como a grande concentração, o uso abusivo e a falta de transparência e democratização das corporações de mídia.
“O novo fenômeno que se propalou muito forte no início dos anos 2.000 é o uso das tecnologias por pessoas que não tinham acesso a elas”, relatou. E, para ele, a questão que se coloca são os “usos, abusos, e mau/mal usos” dessas tecnologias, de forma intencional ou não. Grande parte da população, como o “tiozão do zap”, jovens e crianças” não foram e não estão preparadas para utilizá-las, ao mesmo tempo em que as grandes corporações, hoje globalizadas, as “utilizam de formas perversas”.
“O uso que as pessoas têm feito é que nos trazem a preocupação. A quantidade não conduziu à qualidade. A produção e reprodução crescente do fluxo de conteúdos acabaram gerando, entre outros, desinformação intencional ou não. Infodemia, discursos de ódio, generalização e naturalização da discriminação. Uma sociedade incivil, isolada”. E, para Edgar, o que tem que ser discutido hoje são os meios para enfrentar esses problemas, inclusive com a criação de mecanismos efetivos de regulação das grandes plataformas.
A jornalista Bia Barbosa, especialista em direitos humanos pela USP, mestra em Gestão e Políticas Públicas, pela FGV-SP, e integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e da Coalizão Direitos na Rede, iniciou sua palestra seguindo a linha das questões apontadas por Edgar.
“Estamos no século XXI com problemas do século XX que ainda não foram resolvidos. A internet tem causado tremendo impacto e traz ameaças de curtíssimo prazo, mas não podemos esquecer uma agenda que não foi resolvida, a concentração dos meios de comunicação no Brasil. Os principais canais e sites da internet são os dos grandes conglomerados, redes de televisão e jornais, que ainda formam a opinião da maioria da população”, apontou.
Para Bia, a relação entre mídia e religião, que só tem se fortalecido nos últimos 20 anos, assim como a proliferação de programas policialescos que incitam a violência, reafirmam a ausência das diversidades regional, étnico-racial, de classe e de orientação sexual. “O pouco que se avançou nessas áreas foi à custa de muita luta. E as clássicas violações dos direitos humanos seguem propagadas sem controle nas emissoras”.
“O grande desafio é como enfrentar os novos desafios, sem deixar de olhar esses desafios passados”, pois, lembrou Bia, a maioria da população segue se informando pela televisão. “Milhões de brasileiros ainda tem acesso extremamente limitado à internet, com acesso apenas às redes sociais pelo telefone. E a internet é bem mais que as redes”. Por isso, para ela, é indispensável enfrentar também o desafio da democratização da internet.
O SEMINÁRIO
O Seminário prossegue nesta sexta-feira, 20 de maio, a partir das 9h, com as mesas Comunicação no Século XXI – Internet, Polifonia, Controle Social e Possibilidades Emancipatórias; Comunicação Sindical na Década de 20 do Século XXI – nos locais de trabalho e de forma remota; e, por fim, Outra Comunicação é Possível nos Bairros e nas Ruas. Nos próximos dias, a integra do Seminário estará disponível no canal do Youtube da ADunicamp.
Fotos: Paula Vianna/ADunicamp; Léo Silva e Adri Grittem/QuemTV
ADunicamp CLIPPING | Nº 179 | de 09 a 13 de maio de 2022
ADunicamp festeja 45° aniversário e lança revista com história da entidade
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A ADunicamp comemorou, nesta quinta-feira, 12 de maio, o seu 45° aniversário com um encontro que reuniu mais de uma centena de docentes e convidados, com a participação de integrantes da atual Diretoria, cinco ex-presidentes da entidade, o reitor da Unicamp, professor Antônio José de Almeida Meirelles, o Tom Zé, e também representantes do STU, do DCE e da APG. O Fórum das Seis foi representado pelo seu presidente e vice-presidente da ADunicamp, Paulo César Centoducatte (IC).
Durante o encontro foi realizado também o lançamento da revista “ADunicamp 45 Anos”, que resgata momentos importantes da história e das lutas da entidade e traz relatos recentes das ações solidárias e de enfrentamento da pandemia da Covid-19.
“Resgatar a nossa história é permitir que ela continue viva. Contar a nossa história permite a todas e todos encontrarem-se nela. A proposta de uma revista comemorativa, impressa em papel, vem porque queríamos dar a cada docente de nossa Universidade a oportunidade de ter em suas mãos parte de nossa história. Sua leitura evidenciará o que ela significa em sua grandeza e pode estimular aos que não a incorporam em suas vidas uma oportunidade para assim o fazer. Deixem a revista à vista! Queremos que muitos a folheiem”, afirmou a presidenta da ADunicamp, professora Sílvia Gatti.
Os ex-presidentes da ADunicamp que participaram do evento, professores José Ricardo Figueiredo (1993 a 1995), José Roberto Zan (1998 a 1999), José Vitório Zago (1997 e 1997 a 1999) Mauro Atonio Pires Dias da Silva (2005 a 2007 e 2010 a 2012), Valério José Arantes (2007 a 2008), Roberto Teixeira Mendes (1985 a 1987) e Wagner Romão (2018 a 2020), fizeram um breve relato do tempo em que estiveram à frente da entidade. E todos ressaltaram a importâncias da ADunicamp e da unidade nas lutas para garantir direitos, condições de trabalho e salários justos na Universidade.
Seis ex-presidentes/as que não puderam participar, justificaram suas ausências e enviaram mensagens de parabenização. A professora Sílvia leu mensagem enviada pela professora Helena Costa Lopes de Freitas, primeira mulher a presidir a ADunicamp (1987 a 1989 e 1989 a 1990), e lembrou que ela esteve à frente da entidade em ações decisivas das lutas nas Universidades Pública Paulistas, como a criação do movimento SOS Universidade. “Quem viveu o SOS Universidade jamais esquecerá de Helena de Freitas”, apontou Sílvia.
“A sobrevivência da Universidade Pública está em risco, sabemos todos nós desta possibilidade real diante do agravamento das ideias e concepções conservadoras e privativas que avançam sobre o espaço público. Nossa unidade e disposição de luta perene garantirão que não logrem êxito”, afirmou a professora Helena em sua mensagem, após um relato das importantes lutas das quais participou à frente da ADunicamp.
Na mesma direção, o reitor Tom Zé, falou sobre os recentes e fortes ataques disparados contra as universidades públicas a partir de 2019, o que levou as “universidades a voltarem às ruas”. A pandemia, avaliou ele, “trouxe o papel da negação da ciência”, mas também evidenciou para o país “a importância do SUS, da saúde pública”, dos institutos de pesquisa e das universidades. “Isso permitiu construir um novo diálogo com a sociedade. O grande desafio agora é como aproveitar a oportunidade e construir novos laços com a sociedade”, afirmou.
Tom Zé ressaltou a importância da ADunicamp, assim como do STU e das entidades estudantis, para a formação do “caldeirão de ideias” e ações com as quais se “constrói a Universidade”. Para ele, o momento exige que as universidades públicas estabeleçam “relações com os movimentos sociais, com a economia solidária” e também com as grandes empresas, com a meta de “dialogar com o conjunto da sociedade”.
Além de Silvia, Tom Zé e Centoducatte, participaram da Mesa do evento Elisiene do Nascimento Lobo (STU), Fernando Savella (APG), Cecília Ciochelli (DCE) e a coordenadora Geral da Unicamp, professora Maria Luiza Moretti.
As representações dos funcionários e das entidades estudantis relataram as inúmeras lutas e mobilizações realizadas em comum com a ADunicamp, e lembraram a “história densa” e em defesa da Universidade travada pela entidade, desde a sua fundação.
O encontro foi aberto com a apresentação dos músicos Esdras Rodrigues e Ricardo Serrão, e precedido por uma festa de confraternização no Restaurante ADu.
Revista ‘ADunicamp 45 Anos’ relata momentos importantes da história da entidade, até os tempos de pandemia
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A ADunicamp lançou, nesta quinta-feira, 12 de maio, a revista “ADunicamp 45 anos”, como parte das comemorações de seu 45° aniversário. A revista, com 48 páginas, aborda alguns momentos importantes da história da entidade, desde a sua fundação, em 1977, até os tempos atuais com os grandes desafios enfrentados no contexto da pandemia da Covid-19.
A revista mostra como, desde a sua fundação durante a ditadura militar e até os anos recentes, a ADunicamp teve um papel fundamental na mobilização de docentes e da comunidade acadêmica não só para garantir reposições salariais corretas, mas também em defesa de relações de trabalho dignas, da liberdade de cátedra e do conjunto de condições essenciais para o exercício do ensino e para a vida na Universidade.
Nascida como “Associação”, pois a ditadura militar proibia que o funcionalismo público se unisse em sindicatos, a ADunicamp exerceu desde o início o papel também sindical e foi precursora de um grande número de entidades semelhantes que se multiplicaram em seguida nas universidades públicas brasileiras.
Desde a sua fundação, como explica na revista o primeiro presidente da entidade, José Vitório Zago (IMECC), a ADunicamp teve importante participação em movimentos e ações de interesse de toda a sociedade.
NA PANDEMIA
Durante a pandemia da Covid-19, como relata a revista, a ADunicamp compreendeu rapidamente a importância das dificuldades impostas pelo momento e agiu em diferentes frentes. Se posicionou contra “o caráter antissocial e genocida das políticas neoliberais e negacionistas disseminadas por várias esferas governamentais” e disparou a campanha “ADunicamp em Defesa da Vida”, com o objetivo de fortalecer a importância da Universidade, da educação e da Ciência para enfrentar a crise sanitária e suas consequências.
A ADunicamp também realizou um grande número de ações e doações de mantimentos, produtos e equipamentos para segmentos internos da Universidade e para populações mais vulneráveis de Campinas e da região.
“Muitas e diferentes foram as demandas que chegaram à ADunicamp no período da pandemia, tempo esse que estive na presidência de nossa entidade. Esse foi um período de ataques constantes à Universidade Pública e à Ciência, eixos centrais do nosso cotidiano”, relata a presidenta da entidade, professora Sílvia Gatti (IB).
Sílvia lembra que a ADunicamp se posicionou “de maneira firme na defesa e fortalecimento dos direitos e conquistas de nossos docentes”. Uma de suas ações foi a realização de uma consulta, que serviria de base para consultas semelhantes realizadas em outras universidades brasileiras, sobre “Condições de Trabalho Remoto Docente na Unicamp no Contexto da Pandemia de Covid-19”.
A consulta, após sua divulgação em maio de 2020, foi seguida de debates que serviram “para aprimorar as condições adversas de trabalho naquele momento e deram base a encaminhamentos feitos pela ADunicamp às direções de Unidades e da Universidade”, mostra a revista.