Debate na ADunicamp: Brasil não será o mesmo após a pandemia do coronavírus


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O quarto debate da série sobre a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), realizado pela ADunicamp, ocorreu nesta quarta-feira, 1° de abril, e teve como tema “Coronavírus: isolamento espacial, tensões sociais e violência doméstica”.

Na visão dos três debatedores que participaram do encontro, a pandemia tem deixado cada vez mais evidentes algumas das principais contradições sociais e econômicas da sociedade brasileira, e será inevitável que novos pactos sociais sejam construídos assim que ela chegar ao fim.

“A conclusão do que vimos aqui é que estamos passando por mudanças profundas, mas ainda não temos como saber o resultado destas mudanças. Mas teremos que discutir novas legislações, novos pactos sociais”, concluiu, ao final, o coordenador do debate e presidente da ADunicamp, professor Wagner Romão (IFCH).  

Participaram do encontro as professoras Silvia Santiago (FCM), com larga experiência na área de Saúde Coletiva; Natália Corazza Padovani, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu e professora dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais e Antropologia Social (IFCH); e o professor Sávio Cavalcante (IFCH).

‘PRINCIPAIS DESAFIOS’

A professora Sílvia apontou alguns dos que considera “principais desafios” que a questão do isolamento coloca hoje não só para a saúde pública mas para os governos e o conjunto da sociedade. A começar pelas profundas diferenças sociais, condições de moradia, trabalho e acesso ao sistema de saúde que marcam a sociedade brasileira.

O isolamento, afirmou ela, “é uma perda do espaço privado”, que passa a ser também um espaço de trabalho e que passa a ser dirigido por decisões do Estado. “O Estado entra no espaço privado das pessoas”. Alguns segmentos que têm boas condições de vida acabam enfrentando em boas condições o isolamento. “Mas para a grande maioria da população as tensões geradas são muito profundas. E não estamos vendo medidas efetivas do Estado para atender a essas novas tensões. As comunidades empobrecidas estão se virando sozinhas, encontrando, com criatividade, maneiras de enfrentar a situação”, afirmou.

Para Silvia, mesmo do ponto de vista sanitário, o Estado ainda não mostrou que medidas serão tomadas para agir diante das diferenças. “O isolamento espacial nas periferias adensadas é quase uma bobagem e que vai não dar certo da forma como vem sendo feito”.

O correto, avaliou Sílvia, seria uma parceria entre as comunidades e os serviços de saúde e conseguir a realização de testes de contaminação em massa nessas populações. “E aí montar estruturas específicas de isolamento para os que dessem positivo”, defendeu ela, entre outras medidas que considera essenciais para conter a pandemia no país, como o fortalecimento urgente do SUS (Sistema Único de Saúde).

O isolamento deve ser administrado a partir das condições de cada cidade e comunidade, dos diferentes adensamentos e formas de convivência e cultura. Wuhan, onde a pandemia começou, tem uma densidade demográfica de 5.600ha/km² (5.600 habitantes por quilômetro quadrado), mostrou a professora. E, antes do isolamento, estimasse que cada pessoa contaminada transmitia o vírus para outras quatro pessoas. “Após as medidas adotadas, a transmissibilidade passou para 0,7”.

A densidade demográfica de São Paulo é de 6.000ha/km², a de Nova Iorque de 10.500ha/km² e a de Paris de 20.200ha/km². “Em Campinas, temos 1.360ha/km². Mas se você pega o bairro Oziel, por exemplo, tem uma densidade muito maior que Joaquim Egídio”, comparou. Portanto, os modelos de isolamento têm que ser diferentes.

Para a professora, a pandemia também coloca em questão os nossos modelos de sustentabilidade nas relações sociais e com a natureza.  

A ‘NORMALIDADE’

O professor Sávio questionou um outroponto de tensões que a pandemia e o isolamento têm provocado na sociedade brasileira. A proposta, colocada pelo próprio presidente Bolsonaro e por agentes de seu governo, de romper com o isolamento “para salvar a economia”, fez disparar o debate – que segundo Sávio hoje prolifera nas redes sociais – de vivermos ou não em uma sociedade solidária.

“Vejo pessoas que dizem não acreditar que ‘possa ter tanta desumanidade’, que até em sua família ou no círculo de amigos próximos, possa ter gente tão distante do suposto ideal de solidariedade que existiria em nossa sociedade”, descreveu.  Porém, na análise de Sávio, essa “desumanidade” já existe na sociedade, antes da pandemia, e essa é a “normalidade” das relações econômicas, sociais e de trabalho estabelecidas. “Então temos que ir para o real. A economia colocada não solidária, é desumana”.

O professor mostrou como a degradação das condições de trabalho, fruto do modelo neoliberal em franco processo de implantação no Brasil, já vinha tornando a sociedade brasileira cada vez “menos solidária e mais desumana”. “Essa é a ‘normalidade’ que estava estabelecida e a ‘normalidade’ que é questionada hoje no processo da pandemia”.

Para Sávio, questões como a uberização, a degradação das condições de trabalho, a regulação do acesso aos bens sociais pelo “mercado”, serão inevitavelmente discutidas e terão que gerar novos pactos sociais, após a pandemia. O capitalismo, diz Sávio, e de forma incisiva o neoliberalismo colocaram o “mercado” como o mecanismo que seria capaz de ajuizar o valor do cidadão, a “eficiência das pessoas”. “Cada um teria direito de retirar desse ‘mercado’ aquilo com o que contribuiu”.

Mas como, na análise de Sávio, não existe sociedade que tenha se colocado assim na história, uma vez que “você tem direito a existir mesmo que não tenha ação econômica”, sempre existiram salvaguardas e mecanismos de proteção para o conjunto da sociedade, garantidos pelo Estado.

Para ele, são tensões como essa que se exacerbam agora com a pandemia. “Se um hospital público tem 100 leitos e sabe que em vez de receber 80 pacientes vai receber 500, então do ponto de vista neoliberal, que é também desumano, vai ser internado quem tiver mais dinheiro para comprar a vaga. Mas do ponto de vista do Estado não dá para pensar assim. O papel do Estado é salvar as pessoas”.

VIOLÊCIA E GÊNERO

O isolamento espacial que vivemos hoje evidencia fortes tensões relacionadas à questão de gênero e já é apontado como responsável pelo crescimento recente das denúncias de violência doméstica, avaliou a professora e pesquisadora Natália.

De acordo com ela, diversos canais têm mostrado dados sobre o aumento da violência doméstica, mas o isolamento espacial tem revelado de forma mais profunda a questão da desigualdade de gênero, gênese da violência.

“Vejo a rua do meu bairro, no meu entorno: estão ocupadas por homens, têm a total prevalência de homens. Os bares estão abertos e os homens ali fazem piadas sobre o isolamento”, relatou ela.

Para Natália, o desrespeito ao isolamento e a ocupação das ruas têm sido acentuados como um “papel de masculinidade”, reforçado pelo que chamou de “discurso grotesco” do presidente Bolsonaro sobre o tema.

“Os bairros periféricos vivem as ruas como uma extensão de suas vidas privadas. Então o isolamento espacial é muito estranho nos bairros periféricos, com residências onde vivem pais, mães, avós e filhos”. Porém, na contramão desta ampla convivência nas ruas, só uma grande maioria de homens as têm ocupado nestes tempos de isolamento.

O fechamento de igrejas, espaços com alta participação de mulheres, e o aumento do trabalho doméstico certamente fortalecem a ausência das mulheres nas ruas, avaliou Natália. Mas certamente essas não são as questões principais para uma análise mais detalhada sobre o que está em curso. Para ela, ainda é muito cedo para estudos mais aprofundados sobre o que tem acontecido e o que virá, após a pandemia.

A professora Natália tratou também da questão dos presídios, objetos de alguns de seus estudos. “A prisão sempre foi pensada como isolamento da sociedade, mas pesquisas têm demonstrado que são permeáveis” e que os presidiários mantêm relações com familiares e com a sociedade. Com o isolamento, essa permeabilidade foi totalmente interrompida. “Por meio da prisão, também colocamos agora a questão: que vidas vão ser salvas e quais as que não”.      

MAIS DEBATES

A ADunicamp realizou, nos dias 16, 18 e 25 de março, logo após o início da quarentena estabelecida na Unicamp, três debates para discutir questões relacionadas à Covid-19.  

No primeiro debate, os participantes alertaram para a necessidade urgente das autoridades brasileiras adotarem medidas rigorosas de controle para impedir uma explosão da pandemia no país. E apontaram, a partir dos dados que já se tinha naquele momento, que o Estados Unidos e, depois, a América Latina seriam os novos epicentros da pandemia.

Participaram do primeiro debate a especialista em estudos sobre vírus, professora doutora Silvia Gatti, do Instituto de Biologia e do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular da Unicamp; a professora doutora Maria Filomena Vilela, da Faculdade de Enfermagem da Unicamp e do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva; e o professor Gustavo Cunha, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e doutor em Saúde Coletiva.

O segundo debate, além de apresentar questões específicas da Covid-19, mostrou os reflexos imediatos e de médio e longo prazos que a “crise do coronavírus” provocará na sociedade e na economia brasileiras, que também exigem ações profundas e imediatas do poder público.  

Participaram do segundo debate a professora doutora Mônica Corso, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, com especialidade em pneumologia; o professor doutor Guilherme Santos Mello, do Instituto de Economia da Unicamp e diretor do Centro de Estudos de Conjuntura do instituto; e o médico sanitarista Pedro Tourinho, em segundo mandato como vereador em Campinas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

No terceiro debate participaram o professor doutor Francisco Aoki e a professora doutora Rosana Onoko Campos, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Na avaliação deles, a sociedade brasileira já está obrigada a repensar profundamente alguns de seus valores diante da pandemia do novo coronavírus. E, ao mesmo tempo, terá que se preparar para enfrentar com equilíbrio o longo período de reclusão que ainda teremos que atravessar para conter a expansão da doença.

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