Marisa Beppu (FEQ) | ADunicamp dos docentes (?)


[box type=”info”]Divulgado por solicitação da profa. Meuris Gurgel Carlos da Silva (FEQ), na condição de sindicalizada. O conteúdo do texto não reflete necessariamente a posição da ADunicamp, de sua Diretoria ou de qualquer outra instância da entidade. Toda e qualquer responsabilidade por afirmações e juízos emitidos cabe unicamente à autora do texto.[/box]
O dia 20 de julho ficará lembrado na história da ADunicamp.
Como qualquer fato marcante, as interpretações a seu respeito serão múltiplas e pinceladas com as cores das crenças e valores de cada expectador.
Entrou para a história da ADunicamp pela maneira como aquela assembleia foi convocada. Talvez, a confirmar, tenha sido inédita uma assembleia chamada por 190 membros do conselho em assinaturas levantadas em menos de 24h.
A “venda casada” da proposta da mesa, aprovada na assembleia anterior, de “suspensão da greve com manutenção de uma Comissão de Mobilização Docente” provocou ao longo dos dias que se sucederam, o sentimento, em muitos, de terem sido enganados. Essa Comissão, até o dia 20/07, oculta (diretoria jamais respondeu e-mails sobre sua composição) e formada majoritariamente por docentes de uma única área, tomaram decisões à revelia da opinião geral dos docentes. Algumas de suas ações, como a intermediação da desocupação da reitoria, são assuntos controversos. Tal intermediação veio em um momento em que o movimento já enfraquecia por si somente; e esta comissão foi ao regate para que alunos ocupantes saíssem com algum trunfo. Houve a desocupação, e o resultado da negociação mostrou-se desastroso: o movimento recrudesceu, unidades foram invadidas, piquetes cada vez mais violentos, “trancaços” em unidades em claro sinal de perseguição.
Muitos docentes ficaram e estão cada vez mais atônitos pelo fato da ADunicamp (já ironicamente chamada de ALunicamp) não estar seguindo seu objetivo precípuo de defesa da categoria docente.
A assembleia foi histórica, pois esta convocação promoveu uma corrida recorde de docentes, ativos e aposentados, apoiadores do grupo há muito instalado na ADunicamp. Inúmeros docentes da Unicamp que residem em outra cidade foram engajados. Cartas abertas percorreram as mídias eletrônicas rotulando a iniciativa como uma “ação de uma ala conservadora e radical”.
O grupo que se mobilizou com as assinaturas, pedindo a convocação, tomou como regra maior não revidar a qualquer provocação, que foram muitas, antes e durante a assembleia. Ao longo das falas da imensa assembleia (em tamanho e duração), houve de tudo: defesas apaixonadas de seus partidos políticos, ataques a governantes, poemas, ironias-sem-fim, se o correto é se formar/ensinar/ ”professorar”… Triste, mas muito triste mesmo, foi testemunhar exatamente o conservadorismo e radicalismo instalado nesta Associação. Não há problema, ao contrário, há valor, na explicitação de opiniões divergentes, mas o respeito deve imperar. O respeito em ouvir opinião contrária, com acolhimento.
Finalizamos a assembleia com faces jocosas à mesa, enquanto um respeitável professor aposentado do IQ se propunha a ler as moções, com direito a retaliações e intolerância durante sua fala. Detalhe: o texto que as moções traziam eram, em quase sua totalidade, extrações do Estatuto e Regimento desta Universidade.
Muitos comemoraram o dia, outros saíram tristes, relembrando um quase embate futebolístico. Mas minha tristeza, ao final do dia, foi ver que não se conseguiu dialogar. E a ADunicamp permanecerá encastelada com suas certezas, sem rever seus processos, enquanto a
representação da categoria fica em segundo plano, frente aos interesses partidários/ideológicos, com um uso eficaz da máquina da associação (ou associações, uma vez que DCE e STU foram chamados de forma no mínimo questionável, dado que era uma assembleia de docentes).
A real representatividade traz as melhores consequências à sociedade, e as piores aos grupos que querem ser hegemônicos.
Aos que ficarão para ver a história, restará, como eu mesma já disse pessoalmente ao ilustre presidente da Associação, a expectativa de verificar se a ADunicamp se ampliará ou se esvaziará. Se se renovará ou solidificará seus antigos processos. Se ela escolherá o caminho do acolhimento da diversidade de opiniões e um resgate de sua representatividade; ou se continuará conduzindo os interesses de apenas um grupo monolítico.
Quem viver verá.
Marisa Beppu
FEQ- Unicamp
Julho 2016


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